In Memoriam: Pe. João Lopes

Chegou-nos a notícia triste da partida para a Casa do Pai do nosso membro do presbitério vianense Pe. João Lopes, assim conhecido por toda a gente. 

Notícias de Viana
7 Dez. 2023 3 mins
In Memoriam: Pe. João Lopes

Estava ele jovem sacerdote na Oficina de S. José, em Ponte de Lima, anexa à Vila Morais, quando os seminaristas teólogos de Braga no final dos anos sessenta, vieram com algumas peças do seu “Carnaval” a pedido do Pe. Lopes a Ponte de Lima, para um espetáculo de angariação de fundos para aquela instituição. Depois passaram alguns anos, e passei, por várias razões, a conviver com o Pe. Lopes por motivos de trabalho, também, e até a ser visita da sua casa e dos seus amigos, e ele a ser visita da minha residência, onde passava, já trazido por motorista alheio, para amena cavaqueira. 

Houve episódios muito interessantes na vida dele.

Por seu intermédio, veio-me parar à mão o testamento de um Bispo já falecido, em forma de carta de consciência, sem estar sujeita a sigilo. Por seu intermédio, veio-me parar às mãos o conhecimento de bens de um sacerdote e alto dignitário da vizinha arquidiocese, que me levaram, a tempo e horas, a dispor dos meus, para que não haja coisas contra a minha vontade, quando passar desta para a eternidade. 

Era um sacerdote desprendido, Pároco muito a seu jeito, empresário agrícola para manter, ou criar, postos de trabalho, com um sentido social muito evangélico. 

Viveu sempre “na tanga”, com um velho Mercedes que ainda por aí anda, com episódios muito típicos, quando se deu o 25 de Abril e alguém com jeitos de jornalista se meteu a escrever contra o Pe. Lopes. 

Recortou o escrito, soube do paradeiro do escrevinhador, entrou numa tasca, pediu uma tijela de vinho para o dito cujo e, como condimento a acompanhar, serviu-lhe o artigo enroladinho em forma de bolo de bacalhau. 

Deu para o torto, mas o Padre João era um homem bom, que todos conheciam, pelo que tudo foi ultrapassado. 

Desde as alturas da Boalhosa, onde fez obras a expensas suas, e na Seara, de que foi Pároco até aos limites da saúde, passando pela Capelania da Santa Casa da Misericórdia, que serviu religiosamente, a vida do Padre Lopes esteve sempre ligada a Ponte de Lima, até que um AVC o levou para o Hospital, dali para a Casa Sacerdotal de Braga, onde, com um grupo de amigos, o fui visitar, mas o Pe. João, já sem poder falar, só respondia com lágrimas.

Agora partiu e foi a sepultar junto do seu irmão, também ele sacerdote, na terra natal – Grimancelos – fonte de muitas vocações, entre as quais recordamos com saudade Mons. Sousa, que foi vizinho de terra natal e de serviço paroquial, em Ponte de Lima. 

Que descanses em paz, amigo. 

Ficarás sempre no nosso coração e nas nossas preces. 

Estamos com a família, neste momento de luto.

Fotografia em destaque: Arquidiocese de Braga

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