Iniciado o mês de outubro, não posso deixar de ter presente a missão e, de modo especial, os missionários. Contudo, este tempo faz-me recordar e acordar para a necessidade de ter presente que “somos missão”; o Papa Francisco refere-o em muitas situações.
Ser missão remete-nos para o que somos, o nosso ser mais autêntico… o ser genuíno de cada pessoa, esse dom de cada vida, o presente de cada uma, mesmo que pense e atue de modo diferente.
Comecei com um título e parece que já me desviei do assunto, pelo que vou procurar centrar-me no que hoje me ocupa.
Tantas vezes vivemos – sim, porque me incluo – preocupados com o futuro, com o que virá depois, com o que pode ou não suceder, e desejamos controlar tudo como se fossemos donos de algo. Até nos esquecemos de olhar para trás, para o passado, e aprender a lição do já vivido para não cairmos na repetição sem reflexão, sem atenção. Esquecemos a bela oportunidade que a experiência nos oferece e deixamo-nos enredar na correria da vida, na pressa que contribui para as travagens forçadas e, não poucas vezes, inesperadas.
Se vivêssemos atentos, ocupados com o que cada dia nos oferece, teríamos a oportunidade de vivenciar e, porque não dizer, saborear como quem bebe, a beleza que sai ao nosso encontro; se calhar viveríamos de modo diferente e, então, já não daríamos voltas ao futuro como quem quer controlar. Se calhar era, e estou convencida que é, possível viver de outro modo…
Sim, é possível viver confiados, atentos, ocupados, e deixando-nos surpreender pelas maravilhas que nos são oferecidas em cada novo dia; deste modo, não nos sentiríamos cansados e seríamos capazes de aprender a viver de um novo modo. Para tal bastaria, como se fosse fácil, deixar que entre na nossa linguagem, em primeiro lugar, o porvir!
Mas, falar de porvir remete-nos para outra dimensão, julgo eu, e, nesta, a confiança joga papel fundamental. Quem dera pudéssemos aprender – sempre é tempo para o fazermos – a olhar para o amanhã com confiança, serenidade, agradecimento por antecipação, pois Alguém nos aguarda e espera de braços abertos, não no para lá de nós, mas no aqui e agora da nossa própria história! É verdade; para os que acreditamos neste Alguém, que denominamos Deus, o Deus de Jesus Cristo, o caminho encontra-se facilitado. O porvir vem ao nosso encontro e, de encontro em encontro, podemos viver! Deixarmo-nos encontrar por Deus para vivermos saindo ao encontro de cada pessoa como dom imerecido, contribuindo, com o nosso pequenino grão de areia, para a construção da grande obra de arte do nosso mundo, onde todos possamos chamar-nos e tratar-nos como irmãos e irmãs! Quem dera… Devo estar a sonhar, mas com a confiança de que os sonhos se podem tornar reais, quanto desejo que o porvir entre nas nossas vidas, ainda que comece apenas por ser uma palavra pouco usada, e pouco a pouco, possa ser um modo de viver!
Mas, se de perguntas e respostas se trata, só o amável leitor ou leitora pode decidir como deseja viver, e então, responder a tal questão: futuro ou porvir? Eis a questão!
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