Fórum Sacerdotal refletiu sobre o desafio da Sinodalidade

O Centro Pastoral Paulo VI acolheu, no passado dia 04, o Fórum Sacerdotal, que contou com a palestra do Pe. Tiago Freitas, padre da Arquidiocese de Braga, sobre a Sinodalidade.

Notícias de Viana
11 Nov. 2021 3 mins
Fórum Sacerdotal refletiu sobre o desafio da Sinodalidade

Numa reflexão durante a oração inicial, Monsenhor Sebastião Pires Ferreira, Administrador Diocesano de Viana do Castelo, apelou aos sacerdotes presentes para que expressassem uma “vida de renovado entusiasmo”, instigando-os a elencar razões para dar graças a Deus. “Fazeis coisas maravilhosas nas paróquias, por isso agradecemos a graça de sermos instrumentos de Deus e a graça de continuarmos a ser fiéis à vocação a que o Senhor nos convocou”, referiu. 

Já o Pe. Tiago Freitas iniciou a sua comunicação recordando o percurso do conceito de sinodalidade, recuando à instituição do Sínodo dos Bispos, pelo Papa Paulo VI, em 1965, evidenciando que se tem vindo a aprofundar o sujeito do discernimento eclesial, porque “se o Vaticano I o centrou na figura do Papa, e o Vaticano II na figura do colégio episcopal, estamos agora a assumir e a focá-lo no Povo de Deus, no seu todo”, apresentado, ainda, a existência de uma “sensibilidade que busca uma nova forma de ‘governo’ eclesial”, que não seja só meramente consultiva, mas, essencialmente, corresponsável, que “mais que um evento, seja um processo”, convocando, nesta linha, à “conversão pastoral como estilo de ser cristão”. “É de espaços, é de encontro, é de pessoas, que fala do conceito de sinodalidade”, explicitou, evidenciando, ainda, que “criar um espaço de discernimento coletivo é dar já lugar à transformação”. “A sinodalidade é um movimento de convocação, que tem um horizonte etimológico, de ser expressão viva de comunhão, e de participação universal de todos, na construção do tecido eclesial”, clarificou.

O palestrante referiu ainda que, com a iniciativa do Papa Francisco, “é dada a todos a oportunidade de construir a Igreja”, segundo três critérios de verdade: profecia, discernimento e atuação. Assim sendo, estabelecendo a importância do conceito de Povo de Deus, que privilegia a idade de totalidade, “prévia a qualquer distinção, reforçando a perspetiva histórica da salvação”, denunciou o clericalismo como grande perigo do processo sinodal. Por um lado, por uma conceção que impede que se veja “a mudança ontológica inerente à ordenação sacerdotal, não na ordem da distinção, mas na ordem da aproximação”. Por outro lado, devido a uma “pobre recepção da Constituição conciliar Lumen Gentium” Por último, pela necessidade de uma “maior cooperação com bispo”, compreendendo que “o laicado não se opõem à hierarquia”.

Focando o processo já em curso a nível universal, o Pe. Tiago Freitas afirmou que “o que está a acontecer não é um mero estado e estudo preparatório”, considerando que se estão a viver “etapas consecutivas e consequentes, numa transição entre o evento e o processo”, centrada no discernimento, percebido como “um fazer memória da presença do Espírito na história da Igreja”.

Para terminar, apelou a que cada um possa examinar, neste contexto, o modo como exerce “o poder”, curando e valorizando as relações, vencendo a tentação do uniformismo e do consenso rápido. “Foi nas questões fracturantes que a comunidade cristã cresceu na fé”, anotou, reforçando três desafios na vivência do ministério ordenado: 1) a vida de fraternidade, num diálogo sem entropias e segundas intenções; 2) a exigência de um novo estilo de liderança, que saiba distinguir entre liderar e exercer poder, e que não seja uma mera autoridade externa; 3) a procura de uma maior ministerialidade.

Tags Religião

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias