Falar e escutar: desafio para a vida de quem quer anunciar!

“O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos”. (Is 50, 4-7) Hoje, mais uma vez acordo com o desejo de escutar, qual discípulo, que apenas […]

Isabel Lemos
29 Mar. 2024 5 mins
Irmã Isabel

“O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos”. (Is 50, 4-7)

Hoje, mais uma vez acordo com o desejo de escutar, qual discípulo, que apenas pode dizer se, em primeiro lugar, se senta a escutar. Na verdade, continuar a dizer Deus, se assim me é permitido falar, requer que, passo a passo, cada um se sente a escutá-Lo. Quem pode falar do que não vive? Certamente muitos, os quais se dedicam a insinuar aos outros o que fazer, o que viver, que atitudes (ou reações) podem ou devem ter, mas que se esquecem de olhar para si próprios, ver-se ao espelho e, então depois deixar que a coerência assista. Não obstante, o discípulo é aquele que cada manhã desperta e anseia sentar-se, escutar Aquele que tem Palavras de vida para lhe dizer ao coração, iluminando a vida, os gestos. E, só então é capaz de se levantar e dizer, já não em nome próprio, mas também, o que escutou e não pode calar. Neste nosso tempo tão maravilhoso e tão cheio de desafios como oportunidade para lembrar a todos que a esperança é possível, que há razões para continuar acreditar que “um tal Jesus de Nazaré” deu a vida para que “todos tenham vida e a tenham em abundância”, mesmo que haja vozes que surjam para fazer desacreditar e queiram abafar a própria vida que quer desabrochar no meio de escombros, de destruição, de desalento…

Quem dera, despertar cada manhã, e escutar para poder dizer palavras de alento aos abatidos, aos tristes, aos inocentes que persistem por um e outro lugar como se o sem sentido quisesse ter a última palavra. Bem sabemos que assim não é, mas… Sim há um mas, que não poucas vezes paralisa os mais valentes e destemidos, aqueles que parecem ignorar e continuam a preparar acusações e engendrar justificações para crucificar inocentes…

Quem dera, acordar e ter a coragem e a audácia do discípulo, anunciando a boa notícia e denunciando sempre que se torna necessário, qual profeta da manhã! Quem dera, que eu tu nos pudéssemos unir, re-descobrindo que é possível nascermos como irmãos e tornar o nosso mundo muito mais irmanado, mais fraterno!

Hoje, mais uma vez, tomo consciência que embarcamos numa Semana grande, a Semana Santa, a Semana Maior na qual caminhamos, não para a morte, mas para a vida, acompanhando Aquele que, por mim e por ti, deu a vida… Quem dera não permaneça como espetador, sem me implicar, lavando as mãos como quem não quer assumir o que deixa de fazer para construir um mundo de paz, no qual a alegria e a beleza são capazes de testemunhar que vale a pena continuar a entregar a vida, apenas e só apenas por amor à semelhança d’Aquele Jesus que dá sentido à vida de todos quantos nos dizemos seguir o que Ele ensinou e viveu.

Quem dera, despertar ao longo destes dias como se fossem únicos e dizer a todos “uma palavra de alento” para encorajar, dar esperança e sentido a todos quantos estão feridos e são inocentes. Tal como diz o papa Francisco: “É tempo de agir e, na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano em presença do irmão ferido. O amor de Deus e o do próximo formam um único amor. Não ter outros deuses é parar na presença de Deus, junto da carne do próximo. Por isso, oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará. Para isso há que diminuir a velocidade e parar. Assim a dimensão contemplativa da vida, que a Quaresma nos fará reencontrar, mobilizará novas energias. Na presença de Deus, tornamo-nos irmãs e irmãos, sentimos os outros com nova intensidade: em vez de ameaças e de inimigos encontramos companheiras e companheiros de viagem. Tal é o sonho de Deus, a terra prometida para a qual tendemos, quando saímos da escravidão”. (Mensagem do Santo Padre Francisco para a Quaresma 2024).

Falar e escutar: desafio para a vida de quem quer anunciar!

Perguntemo-nos, então: estou disposto a ser discípulo missionário? Estou disposto a escutar para anunciar a Boa e bela notícia do Evangelho?!

Tags Opinião

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias