(EU)TANÁSIA + (TU)TANÁSIA = (NÓS)TANÁSIA

Esta semana volta à ordem do dia no parlamento português o tema mencionado em epígrafe.

Notícias de Viana
13 Jan. 2021 2 mins
(EU)TANÁSIA + (TU)TANÁSIA = (NÓS)TANÁSIA

Não deixa de ser irónico, e só não dá para rir porque o que está em jogo é demasiado sério, que na mesma semana  em que se decreta novo confinamento geral, sob o argumento de salvar vidas, se legisle a possibilidade de o Estado poder matar cidadãos a seu pedido daqui por diante.

Respeitando as pessoas que pensam de modo diferente do que escrevo, não posso não expressar o que me vai na alma relativamente ao assunto:

1- Lamento que no actual debate para as presidenciais nenhum candidato tenha defendido a sua oposição à eutanásia de forma absolutamente inequívoca.  O que me leva a crer que nenhum esteja verdadeiramente preocupado com temas como este, de altíssima relevância ética, moral e cultural;

2- Acredito que estamos prestes a assistir a mais um retrocesso de civilização devido à quebra do princípio estruturante da sociedade humana: a inviolabilidade da vida e da sua dignidade;

3- A profissão médica corre o sério risco de perder a dimensão ética que a sustenta enquanto tal há mais de 2500 anos. Está, doravante, ainda mais, em causa o princípio da confiança na relação médico-doente. Simplificando: o médico existe para curar e cuidar, jamais para matar.

4- É sintomática e perversa a ideia de que a resposta para o sofrimento seja o abandono do outro e a oferta de uma suposta ‘morte doce’ como ‘solução final’. Matar não retira o sofrimento, acaba com a vida.

5- Importa relembrar até à exaustão que uma cultura humanista que se preze de o ser, não é a que sustenta a falsa liberdade de se pedir e realizar um assassínio.

Cultura humanista é aquela que defende e promove o acesso de todos aos cuidados paliativos. Espero do Estado uma atitude de promoção da vida digna até ao fim e não a antecipação da morte a pretexto de sabe-se lá o quê.

6- Nunca nos esqueçamos que o presente dos ‘eles’ é o futuro dos ‘nós’. Uma sociedade que promove a morte mais do que a vida está condenada ao fracasso e à desintegração das suas estruturas mais basilares, a começar pela dignidade da pessoa humana.

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