E se sairmos de nós?…

“Novo ano, vida nova”, ouve-se tantas vezes! Há poucos dias começava um novo ano civil, (o litúrgico começou antes), mas quero apenas escrever sobre a intenção de oração do Papa Francisco para janeiro de 2022: “Educar para a fraternidade”! E, para variar, deixo que o coração escreva, pois não tem a arte de pensar… e, […]

Notícias de Viana
14 Jan. 2022 4 mins
E se sairmos de nós?…

“Novo ano, vida nova”, ouve-se tantas vezes!

Há poucos dias começava um novo ano civil, (o litúrgico começou antes), mas quero apenas escrever sobre a intenção de oração do Papa Francisco para janeiro de 2022: “Educar para a fraternidade”!

E, para variar, deixo que o coração escreva, pois não tem a arte de pensar… e, lembro-me da raiz da palavra “educar”, que afinal tem duas – educare e educere em latim –, e detenho-me nesta segunda que se pode traduzir por “tirar de dentro”, “extrair”, “fazer sair”. E começo a sonhar o sonho da possibilidade que nos habita e nos faz viver ao encontro dos outros, através de quem nos podemos reconhecer. Sair de nós e ir ao encontro, pois só nos podemos reconhecer a nós próprios quando vivemos encontro autêntico com os outros, os quais nos fazem sair de nós, dos nossos fechamentos ou até egoísmos, e, não poucas vezes, dos vazios em que nos encontramos. Viver, deixando-nos encontrar por quem passa ao lado ou vive ao lado, igual ou diferente, mas em quem nos podemos reconhecer como semelhantes, criados à imagem e semelhança de Deus (cf Gn 1,26-28).   

Sim, dizermo-nos filhos de um Pai, faz-nos irmãos, irmãos de todos. Então, a fraternidade é possível! Não é utopia, nem sonho, mas ainda assim continuo a sonhar, e a rezar para que cada vez mais possamos nascer, em cada novo amanhecer, como irmãos. E, ser irmão implica e compromete a nossa vida, faz-nos sair de nós e tirar de dentro o melhor para oferecer ao irmão ou irmã, de ontem ou de hoje, do que pensa comigo, do que comunga comigo, do que pensa diferente, mas irmão ou irmã, como dádiva do mesmo Pai!

E não posso deixar calar o que o coração anseia neste novo ano… deixando que os gestos e a vida se transformem em oração e ajudar onde me encontro, para que possamos continuar a “educar para a fraternidade”. Por essa razão antes sublinhava o “fazer sair” que acontece quando nos cruzamos com os demais em qualquer lugar. Afinal, a vida educa e ajuda a que de nós possa sair o nosso melhor; se formos muitos a vivê-lo, o nosso mundo será bem melhor… 

Se calhar habituamo-nos, com frequência, a falar de educação e a pensar, como quem liga o piloto automático, na escola, e esta é tão mais abrangente… e, digo-o com o coração, pois quem me conhece bem sabe do meu carinho pela educação formal, pela escola, mas hoje não se trata de fazer essa partilha. Ainda assim, diria que precisamos de aprender ou desaprender conceitos que não nos ajudam a crescer enquanto pessoas, e precisamos de gente, que, com a vida, mostre a beleza de viver, e contribuir para um mundo em que todos são diferentes, mas com todos é possível viver na mesma “Casa Comum”, e descobrir, no encontro com o rosto do outro ou outra, um irmão ou uma irmã. 

Não sei se fazem falta palavras, se simplesmente as que se fazem oração e vida concreta, para que muitos, de modo especial os mais jovens, possam descobrir que a fraternidade é possível, e possamos, desse modo, todos contribuir para “Educar para a fraternidade”!

Estou convencida que é possível nascermos como irmãos! E se sairmos de nós?… o novo ano pode indicar “Vida Nova”!

E o estimado leitor, o que lhe parece? Apenas uma sugestão: procure um tempo só para si, um espaço onde nada o distraia e procure deixar de pensar em si, nas suas coisas… E, se tiver o gosto de escrever, tome nota: o que lhe vem à mente e ao coração?!

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