Diariamente, São José Patrono Especial

Nada de mirabolante se encontra na vida de São José: uma existência sem notoriedades públicas, envolta num simples e afeiçoado cumprimento daquilo que lhe é devido; pai providente e ativo; esposo sapiente e sonhador; trabalhador esmerado no ofício pessoal. Numa casa simples da cidade de Nazaré, afeiçoado a seu labor quotidiano e insigne na mestria do fazer.

Notícias de Viana
25 Mar. 2021 3 mins
Diariamente, São José Patrono Especial

Da simplicidade extrai-se sabedoria. Importa cultivá-la nos dias que passam e sobretudo ser capaz de se enamorar do que se vai fazendo. Acontecem peripécias que vai resolvendo, no acolhimento e com serenidade, sem arrepios e desenlaces próprios da rapidez. Atento ao que Deus quer dele, na nobreza da história que, com ele e com os seus, Deus vai entretecendo. Um trabalhador esmerado, que acredita que no ritmo diário se cumprem as narrativas fundamentais da história pessoal e familiar, sem muitas inquietações, mas na aceitação dos possíveis contratempos. S. Mateus refere alguns, que São José enfrenta com honestidade e espírito de decisão. Sem queixumes, mas para bem de todos, mesmo passando alguns momentos espinhosos.

“A vida espiritual que José nos mostra não é um caminho que explica, mas um caminho que acolhe” (Patris Corde 4). Não procura fazer o que não lhe é possível, mas, com ternura, vai percorrendo as sendas que deve para o bem da família. Não é alguém que fastidiosamente anelou por algo diferente, mas aceita o que lhe é sugerido pelas circunstâncias, sem pensar em ser mais que outros. A sua mestria é a do dia a dia e José vai adquirindo aquela serenidade conatural que o faz estar bem com as suas circunstâncias. Não passa o tempo a queixar-se nem pede à segurança o socorro para lhe resolver os seus dissabores. Enfrenta, sabendo que Deus lhe vai dando o suficiente para a economia familiar. Poderia excogitar que deveria fazer mais, pois era protetor do Messias. É carpinteiro dedicado, sem anelos de reviravolta mágica. Exímio mister.

“Não é resignado passivamente”, mas entabula diálogo com os seus, também com Deus, como aprendera pela tradição que lhe ensinaram. Faz pactos. Sabe que as tempestades sociais não são a última palavra da história: sonha muito, ao que refere o Evangelho da Infância de Jesus. Sabe aceitar a sua parcela e carrega-a com amor, para resolver adequadamente os embrulhos da vida. Nem num dos momentos mais charneira da sua vida, aquando do noivado com Maria, se deixa levar por caprichos. Não dá lugar ao boato, respeita a condição dos outros; habituou-se a escutar Deus.

“Se, em determinadas situações, parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar. (…)

A Sagrada Família teve de enfrentar problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome.” (PC 5). Ontem e hoje, nesta longa tradição, São José é um patrono especial para as diferentes afoitezas e asperezas do quotidiano, no anonimato recatado.

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