Todos ouviram falar sobejamente na Zambujeira do Mar. É, fora do tempo de pandemia, a terra para onde muita gente nova foge, à procura de praia e mar, mas sobretudo da música do festival que aí se realizava anualmente antes da pandemia, e cuja fama percorreu o país e além- fronteiras.
Levado pela curiosidade, numas curtas férias de Páscoa passadas em Ferragudo na companhia de três colegas, porque um deles tem uma irmã religiosa no convento de clausura no Patacão, juntámos o útil ao agradável: levámos o colega a ver a irmã de sangue, bebemos um pouco desta alegria por trás dos muros dum convento, descansámos, rezámos, construímos presbitério e muito mais, porque vivi essas experiências vários anos, com dois colegas fixos e um ou outro variável, e o meu velho Mercedes cumpriu estes atos de caridade sacerdotal.
Pois hoje eu bem merecia um descanso, porque só depois das cinco da tarde acabei as minhas atividades dominicais e a essa hora, sempre que posso, não perco o 70×7, na RTP2. Desta vez, era sobre a peregrinação dos símbolos da JMJ (Jornada Mundial da Juventude) por terras de Beja e de Évora.
Em Beja deu-me um “baque” o coração e lembrei que foi ali que foram parar, em primeira peregrinação de regresso à sua Diocese, os restos mortais de D Anacleto. Bateu-me a saudade e rezei por ele.
Depois, foi ver – em terras que julgamos descristianizadas – a juventude a pulsar de alegria e entusiamo. Foi o escutar o “falar“ alentejano prenhe de Deus e de mensagem, de gente que nos faz pensar e nos dá coragem e enche de alegria. Foi lançar os olhos e ver uma cruz plantada na praia da Zambujeira, como que a dizer: temos que levar Jesus aos festivais!
Como!?
Eu, sendo padre de Bico (Arciprestado de Paredes de Coura), não quero meter o bico naquilo que o meu amigo Pe. Meira faz tão bem, à frente do Comité Organizador Diocesano e da Pastoral Juvenil!
Mas ver o que os outros fazem dá-nos luz, entusiamo, e os colegas mais novos que vão aos festivais e gostam de rock, vão descobrir como levar o “JC”, como alguns dizem, aos festivais. A juventude de Beja descobriu: fez uma via-sacra na Zambujeira e plantou o símbolo grande – a cruz da JMJ – na Zambujeira do Mar. Gostei da imagem e da ideia.
Depois foi reparar no grande Alqueva, ver a cruz, e ver os jovens de Beja a entregar os símbolos aos de Évora.
Ver o D. Américo na praia – ele, Bispo jovem a lembrar João e Tiago a serem chamados por Jesus, nas margens de Tiberíade.
Vi D. Francisco Senra, Arcebispo de Évora, que conheci ainda jovem padre – vejam bem – na Jordânia! Estávamos lá um grupo de padres em passeio, oferecido por uma agência de viagens, e o Pe. Senra, da Diocese de Évora, estava, no início da viagem, nos Estados Unidos, a orientar um Cursilho de Cristandade como Diretor Espiritual. Em voo, via Roma, chegou à Jordânia, e foram oito dias de camaradagem, em que ele animava o grupo com os seus cantares alentejanos – tinha uma voz preciosa, ao tempo.
Depois já o reencontrei em terras de Barcelos, como Bispo Auxiliar de Braga, a presidir às procissões de Passos, em que eu tinha a missão de ser o orador.
Agora, vê-lo em imagem, a falar aos seus jovens nas margens do Alqueva, ver o entusiasmo da gente nova de Évora ao lado do seu Arcebispo, ouvir dizer que os símbolos passaram por escolas, hospitais, prisões, praias, praças, Paróquias, e não sei que mais, e arrastam tudo e todos, deu-me vontade de interromper o descanso em tarde de Domingo e partilhar estas linhas.
É uma semente de um padre velho para tanta gente nova que há por aí, e entusiasmada, penso eu.
Que cresça o entusiasmo, porque os símbolos vão chegar a Viana, e não só!
Fotografia: Agência Ecclesia
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