Conhecia o Montariol como seminário, porque, aquando da minha passagem pelos seminários de Braga nos anos sessenta do século passado, muitos dos nossos passeios eram para o Montariol, raramente para o Seminário ou Colégio, como então se chamava, cheia de rapazes como os nossos seminários diocesanos. Os Franciscanos tinham aqui o centro das suas vocações.
Continua como casa de formação com outras valências, de que falaremos abaixo, agora vamos ao retiro.
O silêncio da casa, a grandeza da quinta, ainda minimamente cultivada, a grandeza da mata com os seus recantos de oração e de recolhimento, a montanha, onde apenas se ouve o sussurro da cidade ao longe, ou ali ajoelhada aos pés, convidavam à oração, como Jesus quem sobe à montanha, com poucos escolhidos.
Sentimo-nos escolhidos e D António, com a sua relíquia a velha Bíblia que “usa e manusa” por isso velhinha, não esqueceu de trazer as suas reflexões em alargadas folhas A4, que podíamos fotografar para o telemóvel e usar nas reflexões e orações.
Duas passagens bíblicas por dia, em períodos de quarenta e cinco minutos, davam em abundância para provocarem terramoto de Espírito Santo, poço de Jacob onde se podia beber em abundância, sarça-ardente, Moisés e sua missão, ou vinha do Senhor.
A Eucaristia no centro do dia, as adorações pela tarde com encontro de silêncio diante do SSmo Sacramento, a oração individual, e até o convívio são à volta da mesa, em alimentação sóbria, mas cuidada… enchiam o tempo, sem esquecer o descanso devido.
Foi bom estar ali.
Conheço vários locais, desde Fátima ao Sameiro, desde a Casa da Torre ao Seminário da Silva, desde o Centro Paulo VI, a outros locais de recolhimento, mas o Montariol, por dentro, foi a primeira vez que ali estive… E foi bom, recomendo.
Montariol Hoje
Os padres Franciscanos foram cuidadosos na conservação da memória daquela casa e em rentabiliza-la hoje.
Ainda é casa mundial dos Franciscanos de formação, no que concerne a PALOPs.
Mas conseguir ter uma casa conservada e moderna com novas tecnologias, com hospedaria aberta ao público, com uma unidade de cuidados continuados- O Poverellho- ali ao lado, com as memórias do passado ali expostas nas paredes- coisa que não vi no antigo seminário Menor de Braga e passei por lá nestes dias, com um consultório médico de psicologia e clínica ali sediado, sendo o médico um padre Franciscano, encheu-me as medidas.
As memórias estão presentes em placas e fotos de fundadores, de jardineiros, de botânicos franciscanos, ligados à casa.
Parabéns irmãos de S Francisco, que as vocações não vos faltem e a simplicidade do “Poverello” vos ajude.
Bem hajam pelo exemplo para muitos dos responsáveis por paredes como as vossas.