Após o fecho das escolas em todo o país devido à pandemia do Covid-19, o Colégio do Minho adaptou-se à nova realidade e continuou em funcionamento com o “ensino não presencial” através das plataformas digitais. “Criamos turmas de uma forma visual e os nossos professores fazem o acompanhamento diário, num horário normal dos alunos”, explicou o diretor do colégio, Ricardo Sousa.
Atualmente, os “edifícios físicos” estão a funcionar em “serviços mínimos” com um apoio administrativo e professores em teletrabalho, que dão as aulas conforme as especificidades das turmas. “O colégio tem aulas desde o 1º até ao 12º ano e, por isso, cada conselho de turma decidiu o que seria melhor para os seus alunos. Se era um acompanhamento síncrono com aulas em videochamada ou vídeo-aulas, ou então um acompanhamento mais assíncrono, em que os professores estão em contacto com os alunos, mas de uma forma não através de vídeo-aula”, especificou. O diretor admitiu ainda que, com os alunos mais velhos, a gestão do trabalho é mais fácil, ao contrário dos mais novos. “Os mais pequeninos tem mais dificuldade, mas nós temos que saber gerir isso com os trabalhos dos pais porque, muitos deles, também estão em teletrabalho”, referiu, acrescentando que o colégio se foi adaptando, “de acordo com as ferramentas que estão disponíveis no mercado para garantir o acompanhamento dos alunos”. “Depois a nível de recursos em casa podem também ter de fazer essa gestão porque os alunos precisam do apoio dos pais para ir à internet”, adiantou.
No segundo período, o Colégio do Minho manteve as aulas à distância e, de acordo com Ricardo Sousa, o balanço é “muito positivo”. “ Fiz um trabalho com cada responsável de turma e conseguimos manter o contacto de ensino não presencial na maior parte das turmas. Na generalidade, tivemos uma média de mais de 90% do feedback dos alunos e dos encarregados de educação sobre o trabalho que estamos a fazer”, contou, adiantando: “Recebi muitos contactos de encarregados de educação de que conseguimos manter um ritmo de ensino. É claro que não é a mesma coisa, mas, felizmente, aqui no Colégio conseguimos manter este contacto talvez pela realidade da nossa comunidade educativa.”
Já no terceiro período, o horário foi “reorganizado e melhorado”, passando para as 9h00 até às 17h30. “Aproveitamos a interrupção letiva da Páscoa para avaliarmos a experiência do ensino não presencial e, já também na perspetiva de continuar, reorganizamos e melhoramos o horário das aulas de maneira a que conseguíssemos colocar aulas mais teóricas e que requerem mais concentração no período da manhã e, à tarde, deixarmos para as aulas mais práticas e mais lúdicas para os mais pequeninos”, contou, acrescentando: “No secundário, criamos uma espécie de banco de recursos, em que os alunos estão a fazer um trabalho autónomo e têm um acompanhamento à distância com os professores. Portanto, nós continuamos a cobrir as disciplinas.”
O novo horário inclui ainda uma hora em comum de almoço. “No dia-a-dia, os horários de almoço eram dispersos, mas esta reorganização permitiu-nos colocar a hora de almoço comum a todos os alunos, no sentido de facilitarmos a vida os pais porque, muito deles, têm alunos do 1º e 2º ciclo ou secundário”, explicou Ricardo Sousa, frisando ser “necessário também pensar na gestão familiar nesta fase”. “O colégio faz esta gestão de maneira a que as famílias possam estar juntas e que haja menos stress porque também temos de colaborar com elas”, defendeu.
Da avaliação, os docentes também entenderam que o ritmo em casa é diferente do ritmo da escola. “Com a nossa experiência, os alunos estão mais motivados quando se levantam de manhã e estão mais concentrados e, da parte da tarde, os mais pequeninos fazem as atividades mais lúdicas como por exemplo, a educação física, educação visual e informática. São disciplinas que vamos manter assim como a Educação Moral e Religiosa que, na minha opinião, é mais importante nesta fase que estamos a viver. Além disso, somos uma escola católica e, por isso, faz todo sentido mantê-la”, defendeu o diretor.
Lara Torre do 9º ano e Daniel Barros e Maria Cerqueira do 11º ano são alunos no Colégio do Minho e sentem-se acompanhados, mesmo à distância, pelos professores. “Mesmo distantes uns dos outros, nós, os alunos, sentimos o apoio, o empenho e o carinho do Colégio. Juntos, vamos conseguir chegar a bom porto, mesmo na tempestade”, referiu Lara Torre.
Já Daniel Barros, admitiu que o ensino à distância custou “um pouco” ao início. “Acho muito boa a ideia de termos aulas à distância neste contexto tão difícil. Para mim, é um método de aprendizagem novo e que custa um pouco ao início, visto que não é a mesma coisa como quando estamos na escola, pois os professores não estão presentes de forma física e o modo de explicação é um pouco diferente. Mas, com a ajuda dos professores e com a criação de certas rotinas, eu acho que todos somos capazes de nos adaptar a este novo método de estudo”, referiu.
Para Maria Cerqueira, o Colégio respondeu “bem e eficazmente” a todas as advertências provocadas pelo “novo método de ensino”. “Desde o início que tivemos todo o apoio por parte dos professores que sempre se mostraram disponíveis e dispostos a inovar. Fruto do empenho dos professores e alunos, o ano letivo tem continuado a decorrer da melhor maneira possível. Há uma recorrente atualização dos métodos permitindo-nos o melhor ensino à distância. Apesar de todas as dificuldades, creio que esta fase é mais uma prova da qualidade de ensino que aqui temos”, acrescentou, agradecendo pelo “excelente” trabalho dos professores e diretor.
O Colégio do Minho disponibilizou ainda um conjunto de recursos, nomeadamente, um empréstimo de material necessário para manter o contacto com os alunos. “Facultamos algum material, a título gracioso, a famílias. Por exemplo, uma família de quatro pessoas que têm apenas três computadores e que também os pais estão em teletrabalho e precisam desse material”, exemplificou, assegurando que “o Colégio geriu todo este trabalho para que nenhum aluno deixasse de ser acompanhado devido a meios que não estão ao seu alcance”.
Dentro das medidas possíveis, Ricardo Sousa garante ainda que vão cumprir com os objetivos a que se propuseram cumprir. “Logo que tudo isto acalme, certamente teremos um plano de apoio e, possivelmente, de revisão e participação. O conselho pedagógico é que decidirá a estratégia a definir. No entanto, reforço que não dou como perdido este tempo. Não é o ideal, mas dentro daquilo que temos, estamos a conseguir passar a mensagem e acompanhar os nossos alunos”, concluiu.