A fábrica de chocolates Avianense começou a sua a atividade em Viana do Castelo com os chocolates, atingindo os 30 quilos de produção diária e, com o passar dos anos, alargou para um novo ramo: a torrefação de café.
Em 2004, declarou falência devido a dívidas e, em 2005, Luciano Costa começou da “estaca zero” e retomou o fabrico dos chocolates, aproveitando as instalações de uma fábrica de confeções em Durrães, no concelho de Barcelos, de que era dono. “Eu nunca virei as costas aos vianenses. Aliás, a marca representa mais Viana do Castelo do que Barcelos. O que aconteceu foi que não conseguimos chegar a nenhum acordo para que pudéssemos ir para Viana”, disse, agradecendo aos consumidores de chocolate que lhe deram “a força e a garra” para trabalhar com a Avianense. “Foram eles que me apoiaram a nível local”, salientou.
Quase dez anos depois, comprou um terreno e apresentou um projeto “pensado ao pormenor”, para uma nova fábrica. “Tive o cuidado de o idealizar e, quando falei com o arquiteto, disse-lhe que não queria um barracão, nem uma fábrica. Queria uma estalagem e colocar a fábrica lá dentro. E assim foi, à exceção da fachada, que remete para uma gota de chocolate”, confidenciou, acrescentando que já aumentou após a construção do edifício.
Nesse mesmo ano (em dezembro de 2015), criou o Museu dos Chocolates Avianense, que recebe escolas e grupos ao longo do ano. “Trata-se de um espaço cultural e interativo, que conta a história da marca e do universo de chocolates emblemáticos para várias gerações, como as fantasias de Natal, as sombrinhas de chocolate, ou o bombom Imperador”, explicou, contando que, sempre que recebem um grupo, fazem um workshop em que dão as suas especialidades a provar.
Luciano Costa faz um balanço “positivo” do seu trabalho e mostra-se “orgulhoso”, sobretudo por conseguir manter “uma marca de valor” como a de Avianense. “Mesmo com os quebra-cabeças, estou contente com o que conquistámos até hoje. Isto foi uma pérola. Nunca pensei ter uma empresa com tanto valor como ela tem, principalmente a nível histórico”, afirmou, dando nota que, em 2022, a fábrica foi distinguida como Empresa com História.
Atualmente, a Avianense conta com 16 trabalhadores e ainda transforma o chocolate, “de alta qualidade”, através da forma “clássica”. “Houve uma altura em que os chocolates não eram tão bons como os primeiros e, então, trabalhei para ir buscar o sabor original. Apostei nos Imperadores, que é um chocolate muito bom e muito procurado”, especificou, assegurando que tenta fazer “o melhor”. “Comecei com máquinas manuais, mas agora o processo é automático. Os Imperadores são embalados, e ninguém lhes põe as mãos”, explicou.
Em breve, vão avançar com novos chocolates, relançando o chocolate com recheios de laranja, menta e maracujá. “O pico da Avianense é nos últimos três meses do ano. O Natal. Já a Páscoa, está a perder cada vez mais valor”, apontou. No entanto, em tempo de pandemia, foi “ótima”. “Em 2020, a Páscoa foi excelente. Não houve devoluções. As pessoas procuravam o produto porque ninguém trabalhou e a Avianense manteve a resposta naquela altura”, referiu.
Nas épocas mais baixas, a Avianense dedica-se às embalagens, às caixas e aos calendários, adiantando o trabalho para o Natal e aguentando o barco. “O nosso cliente é muito diversificado, mas temos apostado muito nos hotéis, que nos dão um pouco de sustentabilidade no verão”, disse, adiantando que “cerca de 30%” dos seus produtos são exportados para os Estados Unidos, Alemanha, Suíça e França.
Para um futuro próximo, o objetivo passa, segundo Luciano Costa, por “ultrapassar os dois milhões de euros de faturação”.