Avianense, “a pérola” com história e inovação

A fábrica de chocolates Avianense é, desde 1914, uma das mais antigas empresas portuguesas a trabalhar continuamente na produção de chocolates. Luciano Costa, de 66 anos, é o administrador e, embora defenda “a preservação da tradição”, os seus “olhos estão postos na inovação”. Tem um site (página na internet), página de Facebook e, em breve, vai ter uma roulotte pelo país, dando a conhecer mais os seus chocolates, e criar uma loja online “para aqueles que estão mais longe”, fazendo com que “se sintam mais perto de casa”.

Micaela Barbosa
9 Jun. 2023 4 mins
Avianense, “a pérola” com história e inovação

A fábrica de chocolates Avianense começou a sua a atividade em Viana do Castelo com os chocolates, atingindo os 30 quilos de produção diária e, com o passar dos anos, alargou para um novo ramo: a torrefação de café.

Em 2004, declarou falência devido a dívidas e, em 2005, Luciano Costa começou da “estaca zero” e retomou o fabrico dos chocolates, aproveitando as instalações de uma fábrica de confeções em Durrães, no concelho de Barcelos, de que era dono. “Eu nunca virei as costas aos vianenses. Aliás, a marca representa mais Viana do Castelo do que Barcelos. O que aconteceu foi que não conseguimos chegar a nenhum acordo para que pudéssemos ir para Viana”, disse, agradecendo aos consumidores de chocolate que lhe deram “a força e a garra” para trabalhar com a Avianense. “Foram eles que me apoiaram a nível local”, salientou.

Quase dez anos depois, comprou um terreno e apresentou um projeto “pensado ao pormenor”, para uma nova fábrica. “Tive o cuidado de o idealizar e, quando falei com o arquiteto, disse-lhe que não queria um barracão, nem uma fábrica. Queria uma estalagem e colocar a fábrica lá dentro. E assim foi, à exceção da fachada, que remete para uma gota de chocolate”, confidenciou, acrescentando que já aumentou após a construção do edifício.

Nesse mesmo ano (em dezembro de 2015), criou o Museu dos Chocolates Avianense, que recebe escolas e grupos ao longo do ano. “Trata-se de um espaço cultural e interativo, que conta a história da marca e do universo de chocolates emblemáticos para várias gerações, como as fantasias de Natal, as sombrinhas de chocolate, ou o bombom Imperador”, explicou, contando que, sempre que recebem um grupo, fazem um workshop em que dão as suas especialidades a provar.

Luciano Costa faz um balanço “positivo” do seu trabalho e mostra-se “orgulhoso”, sobretudo por conseguir manter “uma marca de valor” como a de Avianense. “Mesmo com os quebra-cabeças, estou contente com o que conquistámos até hoje. Isto foi uma pérola. Nunca pensei ter uma empresa com tanto valor como ela tem, principalmente a nível histórico”, afirmou, dando nota que, em 2022, a fábrica foi distinguida como Empresa com História.

Atualmente, a Avianense conta com 16 trabalhadores e ainda transforma o chocolate, “de alta qualidade”, através da forma “clássica”. “Houve uma altura em que os chocolates não eram tão bons como os primeiros e, então, trabalhei para ir buscar o sabor original. Apostei nos Imperadores, que é um chocolate muito bom e muito procurado”, especificou, assegurando que tenta fazer “o melhor”. “Comecei com máquinas manuais, mas agora o processo é automático. Os Imperadores são embalados, e ninguém lhes põe as mãos”, explicou.

Em breve, vão avançar com novos chocolates, relançando o chocolate com recheios de laranja, menta e maracujá. “O pico da Avianense é nos últimos três meses do ano. O Natal. Já a Páscoa, está a perder cada vez mais valor”, apontou. No entanto, em tempo de pandemia, foi “ótima”. “Em 2020, a Páscoa foi excelente. Não houve devoluções. As pessoas procuravam o produto porque ninguém trabalhou e a Avianense manteve a resposta naquela altura”, referiu.

Nas épocas mais baixas, a Avianense dedica-se às embalagens, às caixas e aos calendários, adiantando o trabalho para o Natal e aguentando o barco. “O nosso cliente é muito diversificado, mas temos apostado muito nos hotéis, que nos dão um pouco de sustentabilidade no verão”, disse, adiantando que “cerca de 30%” dos seus produtos são exportados para os Estados Unidos, Alemanha, Suíça e França.

Para um futuro próximo, o objetivo passa, segundo Luciano Costa, por “ultrapassar os dois milhões de euros de faturação”.

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