“Vou ver a missa na televisão”

Fugiu-lhe a boca para a verdade, pois costumava dizer aos amigos, “Vou à Missa na televisão”. Nesse diálogo, falou apressadamente e disse a verdade. A filhinha, criancinha ainda, retorquiu: “Não, mamã; na televisão é uma distração. Eu gosto de ir à Missa e estar com o Sr. Padre. Depois, brincamos”. “Logo que possamos, vamos lá, à igreja” (murmurou a mãe).

Notícias de Viana
25 Jun. 2021 3 mins
“Vou ver a missa na televisão”

Um encontro informal, como tantos outros diários, e que pode esconder alguns elementos basilares na atividade praticante. 

Na vida de todos os dias, a televisão e as plataformas virtuais comuns prestam-se a distrações de todo o tipo, também religiosas; embora possam acontecer como espaços autênticos de encontro, de oração familiar/privada e de compromisso.

“Ver a Missa na Televisão” pode ser uma ocasião de oração e até de profunda comunhão espiritual com quem a celebra, ou com quem a coloca ao dispor de todos na plataforma que utiliza, ou que lhe é mais habitual. Porém, não substitui o Sacramento Eucarístico que celebramos num espaço, com participação efetiva, numa comunidade física de louvor, comunidade que comunga o Sacramento do Corpo de Cristo.

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Celebrar a Eucaristia implica a efetiva participação dos membros de uma comunidade, exercendo os ministérios e serviços que a celebração exige e implica, mesmo que seja tão só o serviço de diálogo com todos, que o Sacramento exige. Certo é que alguma participação incipiente é já de todo possível nas plataformas virtuais, mas aí presta-se mais a distrações e negligências pelos mais variados motivos.

A comunidade está virtualmente, supondo um longo e profundo exercício de presença e de concentração. A comunidade física num lugar favorece a interação, o diálogo, e favorece uma panóplia de situações em que todos nos inscrevemos e que nos fazem falta. Lembra que Deus nos chama em povo; somos parcelas desse povo que se reúne para celebrar.

A comunhão na Palavra e no Pão da Vida não é senão virtual nas celebrações digitais e acarreta um elevado esforço místico e desejo espiritual. Porém, numa igreja ou noutro espaço público, a comunhão na Palavra e no Pão, Corpo de Cristo, é real e dispõe os membros para aquela solidariedade que a comunidade favorece; acontece como Sacramento.

“Ir à Missa na televisão” pode ser um bonito passatempo, como pode ser um profundo momento de oração/comunhão espiritual. Nesta atividade não há Sacramento, pois este significa e implica a participação real em sinais sensíveis na Mesa da Palavra e na Mesa Eucarística. Este Sacramento – a Eucaristia – implica comunidade reunida, que exerce os seus serviços para bem de todos e louvor do Senhor. 

Neste tempo de enorme carestia, sentimos quanto bem nos faz a participação física, real, sacramental nas celebrações comunitárias nas nossas assembleias. “Ver a Missa na televisão” é deficitário, embora seja melhor do que nada. Faltam os elementos sacramentais: a comunidade, o exercício dos diferentes serviços (a ministerialidade ativa) e os sinais reais do Sacramento.

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