Viana do Castelo recolheu “mais 56 toneladas de esperança” para o Banco Alimentar

O Banco Alimentar de Viana do Castelo aderiu à última campanha do ano de recolha de alimentos e juntou mais de 56 mil quilos de bens alimentares. A iniciativa mobilizou “cerca de 400 voluntários” distribuídos pelo armazém e pelas “cerca de 70 superfícies comerciais”.

Notícias de Viana
1 Dez. 2022 5 mins
Viana do Castelo recolheu “mais 56 toneladas de esperança” para o Banco Alimentar

Ana Paula Dias é técnica especializada do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior, ao abrigo do projeto Ubuntu, que “desenvolve competências sócio-pessoais dos alunos”. “Somos, certamente, uma dúzia a participar nesta campanha”, começou por referir, admitindo ser “adepta/fã” do voluntariado. “Há mais de 25 anos que trabalho no voluntariado, inclusive de forma organizada através do associativismo local e, sobretudo com jovens, a desenvolver competências”, contou, defendendo o voluntariado como “aprendizagem e forma de vida”.  “Só somos voluntários porque queremos partilhar os nossos conhecimentos e competências, mas também as queremos desenvolver e adquirir novas. E, por isso, é extremamente importante para os nossos jovens, desde a mais tenra idade, experienciar o que é o voluntariado, sentir o que é uma prática solidária e, neste caso, um voluntariado organizado com formação”, afirmou, enaltecendo as competências que vão adquirir com o voluntariado para a vida futura. “Para o projeto Ubuntu, isto é a cereja no topo do bolo porque para além destas competências, adquirimos a competência de liderança servidora”, acrescentou.

A integrar o projeto e a participar pela primeira vez na campanha de recolha do Banco Alimentar, Marta Lemos, de 13 anos, mostrou-se “feliz e motivada” a ajudar os outros. “Já me tinham falado do Banco Alimentar e, depois de muita reflexão e disponibilidade, achei que era o momento para vir ajudar os outros, porque muita gente me ajudou quando precisei”, disse, reconhecendo que “há muitas pessoas pelo mundo a precisar de ajuda”. “Há outras pessoas que em vez de ajudar, só estão a piorar deixando, por exemplo, os prazos de alguns produtos terminarem e deitam-nos ao lixo”, lamentou.

A jovem assegurou ainda que vai incentivar a família e os amigos a serem voluntários e, “acima de tudo”, a serem pessoas civilizadas no que toca ao desperdício alimentar.

Da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, mais precisamente da Conferência de São Vicente Paulo, vieram Manuel Barreira, Fernando Silva e a esposa. “Quando faz falta, participo nas campanhas do Banco Alimentar, mas dedico-me mais à recolha de cartão em troca de bens”, contou Manuel Barreiro, defendendo: “Sou voluntário porque entendo que é útil ajudar os outros e esperando que nós não vamos precisar. E, se isso acontecer, sabermos que existem pessoas que nos podem ajudar.” “A nossa relação com o Banco Alimentar é na campanha de recolha de papel ou cartão em troca de bens alimentares”, explicou Fernando Silva, presidente da associação, contando que costumam participar “sempre” nas campanhas de supermercado. “Esta é a primeira vez que venho para o armazém, porque sentiram que fazia mais falta aqui do que nos supermercados, mas no Domingo vamos para o Aldi”, referiu.

Sobre a realidade vivida na sua freguesia, o responsável assegura que o aumento da procura foi “pouco significativo”.

“Temos instituições em lista de espera”

João Ferreira, presidente do Banco Alimentar de Viana do Castelo, também passou o fim-de-semana no armazém para lançar os dados, mas também “dar uma mão” com a separação dos bens alimentares. “Em Viana, temos cerca de 70 superfícies comerciais onde decorre a campanha com cerca de 400 voluntários”, referiu, explicando que “a quantidade de pessoas é de acordo com a dimensão da superfície”. “Pedimos às pessoas que se organizem em turnos de 04 horas. Não mais. Mas temos pessoas que se disponibilizam para fazer mais horas”, salientou.

Sobre a adesão dos voluntários, admite que “deixou de ser em massa, como no início”. “É uma realidade que não acontece só em Viana. É uma realidade a nível nacional”, contou, confidenciando ainda que, no início, a adesão não estava a ser como gostariam, mas melhorou. “Passados estes últimos anos de pandemia, sentimos que há de novo à-vontade em aderir a estas iniciativas”, assegurou, mostrando-se “entusiasmado”.

O responsável adiantou ainda que o Banco Alimentar de Viana do Castelo tem estado “em contínuo crescimento de procura”. “Desde o tempo da troika, nunca deixámos de ter procura. Aliás, temos instituições em lista de espera”, confidenciou, referindo que a estratégia que seguem é “manter o equilíbrio”. “Ou aumentamos o número de instituições e diminuímos a quantidade distribuída, ou mantemos aquilo que para nós é o equilíbrio, que é não aumentar o número de instituições”, acrescentou.

Já sobre os donativos, lamenta a redução, mas garante que o movimento nacional que se gerou dá “para suprir a falta de campanhas”. “Conseguimos colmatar a falta de campanhas e não podemos dizer que tivemos quebras a nível de produtos. Não tivemos, mas não conseguimos acompanhar o aumento da procura e das solicitações das famílias”, admitiu.

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias