Ouvimos constantemente o discurso das “alterações climáticas”. Sob essa argumentação são-nos pedidos sacrifícios e alteração de comportamentos. Carros elétricos, uso moderado da água, impostos “verdes”, etc…
Sendo necessário adaptar-nos a essa nova realidade, não será apenas através das nossas pequenas alterações comportamentais que conseguiremos inverter o caminho para o precipício. São precisas novas políticas e o acolhimento de novos paradigmas coletivos por parte de quem tem a possibilidade de decidir.
Na verdade, a emissão de gases com efeito estufa está, basicamente, dividida da seguinte forma; a produção de energia significa cerca de 25%, a agricultura 24%, a indústria 21%, o transporte 14% e a construção/edifícios 6%. Os restantes 10% subdividem-se em vários subsectores.
As fontes não renováveis de energia continuam a ser as mais utilizadas em Portugal, correspondendo a cerca de 51,9% do total. Se, de um momento para o outro, se optasse apenas por fontes de emissão zero, as fábricas paravam, a agricultura parava, o nosso modo de vida desaparecia. Isto significa que não é possível fazer nada? Não, não significa! São necessários avanços tecnológicos e comportamentais na forma como fazemos as coisas, como cultivamos os alimentos, como nos transportamos. Não podemos é pensar apenas em como abastecemos as nossas casas e carros, tal pensamento é demasiadamente redutor.
Sim, até podemos abater o nosso velho automóvel a combustão, trocando-o por um automóvel elétrico. Mas será que, para além do aconchego de consciência, na realidade estamos a ser mais ecológicos? É verdade que na circulação não emitimos “gases poluentes”, mas, se não existir uma verdadeira e sustentável alteração no paradigma das fontes de eletricidade, será que não estamos coletivamente apenas a “fazer de conta”, trocando uma fonte de emissões por outra? A atual tendência nos transportes privados é a eletrificação até mesmo a redução do uso, mas o que dizer do uso do avião, dos barcos da marinha mercante, dos camiões de transporte? Que alternativas existem?
Neste momento, em muitos pontos do globo, já existe uma forte aposta no desenvolvimento tecnológico de fontes de energia que poderão ser a resposta mais económica, sustentável e viável, como, por exemplo, a energia nuclear. Complementada pelas fontes de energia renováveis, que sozinhas não conseguem dar resposta às, cada vez maiores, necessidades energéticas, deverão ser acompanhadas por uma rede de distribuição muito mais eficiente e abrangente que a atual. Se a isso se juntar a pesquisa e desenvolvimento de novos materiais, a massificação e posterior baixa de custos, poderá significar um avanço enorme no sentido da tão procurada emissão zero.
Por estes tempos, em Portugal, discute-se o Orçamento de Estado. Que partido abordou este assunto, fez propostas nestas áreas?
Infelizmente, ainda temos um longo caminho a percorrer, e o da mudança de mentalidades é um dos mais longos. Comecemos por nós, mas sejamos capazes de exigir mais aos que nos representam e que podem, pela sua posição, implementar mudanças mais profundas e abrangentes.
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