Uma teia de Paz

I

Uma onda de amizade, de altruísmo, de solidariedade alastra nestas últimas semanas do ano:

Por ocasião das festas que vivemos, uma grande parte dos nossos vizinhos e conhecidos partilham estas riquezas escassas no dia a dia. Parece que mudamos de planeta: uma atenção mais cuidada para com as crianças, uma escuta mais burilada para com as ânsias dos mais jovens, uma afeição mais esmerada para com os mais idosos. As cores do planeta mudam de matiz.

Nas ruas, os braços carregam alegres tantos mimos que serão distribuídos por muitos. A família e os amigos não se poupam a fazer o melhor de si mesmos. Prepara-se a noite em que parece que o mundo é diferente. A noite de 24 para 25 é noite de consoada, porque é Natal.

Natal é exatamente isto: ser capaz de gestos de amizade, dar afeto às palavras que se dizem, ser solidário com os mais próximos e mais carentes, alterar as cores habituais e adotar a simpatia com as cores da alegria, ser afável e revestir-se de tons prazenteiros, ter tempo para contar a vida com tantas novas de cada um, dar à causa da solidão momentos de trégua, ufanar-se de boas maneiras.

II

Natal também é isto:

Festejam-se mais de dois mil anos e experimenta-se a civilização que recebemos, mas que a azáfama da vida obstaculiza e obscurece. Não se faz senão o que mais humaniza a vida: dar prioridade ao mais ausente, escutar quem experimenta o isolamento, aconchegar quem espera uma ternura há muito tempo, dar um beijo a quem vive o ano inteiro na penúria, partilhar um bombom com quem poucas carícias envolve, visitar quem já se esqueceu da última visita, oferecer uma ceia de confraternização, estar à espera do presente inesperado, esquecer por instantes o que diariamente aliena, estar presente na festa da vida, não ter pressa. Uma noite inesquecível.

III

Uma aprendizagem a fazer:

Prolongar este dia diferente. No trabalho pessoal que nos envolve todos os dias. Ser diferente e benéfico para com os colegas de profissão. Apostar em palavras de otimismo. Levantar de dificuldades os abatidos. Veicular histórias de entusiasmo. Fomentar a Paz, ultrapassando quezílias e apostando em concórdia. Envolver-se em tarefas de estima. Ajudar a carregar os fardos de tantos, antes que os asfixiem. Ser arautos de nova civilização, longe de imposições. Ser companheiro de tristezas. Ser amigo, mesmo em horas mais sombrias. Acarretar bem-estar aos menos protegidos. Aliviar tantas horas amargas. Dar contentamento aos que vivem desprotegidos. Alegrar as famílias todos os dias. Ser mensageiro da alegria de boas notícias. Criar uma teia de paz e de amor universal.