Simplicidade… o essencial quer fazer caminho?!

Pois bem, a simplicidade faz vislumbrar o fundamental, o âmago de tudo, o que está para além das aparências, do visível, ou se me é permitido dizer, do que não se pode ver a não ser com o coração… Que razão tinha Saint Exupéry, no Principezinho. Ver com o coração ou deixar que os olhos do coração vejam, ajuda a ver mais longe, mais fundo, e até, “mais dentro”. Afinal o essencial vê-se com a atenção voltada, saindo de si, para fora do próprio sujeito, para o outro que não eu mesma (ou mesmo se quiser). O essencial anda à nossa procura, e se não estamos atentos, perdemo-lo! É como aquele tesouro escondido… faz falta abrir os olhos, e deixar o supérfluo para o poder encontrar…

Acordar pela manhã e descobrir no amanhecer uma linguagem que nos ultrapassa pode ser o convite do dia, a ver para além do olhar! Basta estar e permanecer com a atenção voltada para cada pequeno sinal e gesto que ao nosso redor acontece. E, aí a simplicidade joga um papel importante, para não dizer fulcral! Ser simples não é questão de palavras, muitas ou poucas. Pode brotar da ausência delas, no silêncio que, pouco a pouco, se transforma em prece, em oração sem palavras. A tal simplicidade é uma questão da Palavra, d’Aquela que dá sentido e faz sentido, fazendo acontecer, passo a passo, na vida, amanheceres novos, não sem dificuldades ou obstáculos, mas com sentido e motivação nova.

É tempo de abrir as mãos e o coração e com simplicidade, como quem acolhe um presente, acolher Aquele que vem ao Encontro e toma a iniciativa no viver e a Sua vida dá, para que esta seja sempre abundante. É tempo de procurar o essencial, deixar ao lado o que não faz sentido, o sem sentido das correrias dos nossos dias cheios de azáfamas em época que, em vez de vermos com o coração, medimos o valor por luzes, mais ou menos brilhantes (e até gosto de luzes e luzinhas), mas, se calhar o que importa é o brilho no olhar, um laço desbotado embrulhando um punhado de coisa nenhuma, mas entregue com o coração e, onde o doador, viaja!

Pois, dirá que nada entendo da vida, que tudo tem um preço… é verdade, mas acredito que Alguém que quis sair ao nosso Encontro já pagou esse preço de resgate, Aquele que celebramos, ou já nos afanamos para celebrar, até os não crentes, parece um hábito que para muitos, de primordial, passou para segundo plano (a vida tem já tantos afazeres, preocupações, e tantas ocupações), pois falta o espaço do coração, onde o espaço aumenta e cresce cada vez que se abre e doa. 

Estava pr’aqui a dizer comigo mesma que ainda bem que o “Emanuel” saiu ao nosso encontro, ao encontro de toda a humanidade, mesmo de quem nem sequer o sonha… Ainda bem que por todos e cada um, deu a vida, para nos oferecer a possibilidade de uma Vida Nova, vivida com maiúsculas… Ainda bem… É tempo para agradecer! Simplicidade… o essencial quer fazer caminho?! E, o estimado leitor está disposto a caminhar com ela de mão dada ou, simplesmente, ao lado? É tempo de refletir, saborear a vida e re-descobrir que esta tem mais escondido e que só pode ser visto quando fechamos os olhos… É uma aventura! Aceite o desafio… e deixe-se surpreender…