Pe. Jorge Esteves: “Falta a comunidade considerar o Centro Paroquial como algo que efetivamente lhe pertence e lhe diz respeito”

O Centro Paroquial de Reboreda é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, criada e salvaguardada pela Fábrica da Igreja Paroquial de Reboreda, Instituição ereta canonicamente por Decreto do Bispo da Diocese de Viana do Castelo, a 5 de dezembro de 1989. No entanto, na prática, o Centro Paroquial apenas passou a existir a 1 de setembro de 1994, quando as duas primeiras colaboradoras saíram da Instituição, que na altura era parte da Casa Paroquial, para angariar os primeiros utentes para a valência de Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), com acordo de cooperação com o Instituto da Segurança Social desde 12 de agosto de 1994. Acordo que, após diversas revisões, é atualmente de 34 utentes.

Notícias de Viana
21 Mai. 2021 4 mins
Pe. Jorge Esteves: “Falta a comunidade considerar o Centro Paroquial como algo que efetivamente lhe pertence e lhe diz respeito”

Posteriormente, foi edificada uma instalação própria e, a 1 de abril de 1999, foi assinado o acordo de cooperação para a valência de Centro de Dia (CD) para 17 utentes. Seguidamente, acrescido ao edifício referido, foi acoplada a Estrutura Residencial para Idosos (ERPI), que habitualmente designamos de Lar, e, a 1 de março de 2008, foi assinado o acordo para 30 utentes. Entretanto, nesta valência, foram criadas cinco vagas privadas. 

(Notícias de Viana): Quantas pessoas engloba o Centro Paroquial?

(Pe. Jorge Esteves): No início, esta Instituição, que serve diversas Paróquias do Arciprestado de Vila Nova de Cerveira, tentando cuidar e apoiar os utentes e as suas famílias segundo o lema “Acolher para Servir”, tinha duas colaboradoras; em 2009 tinha 18 e, atualmente, tem 39 colaboradoras. E tem 34 utentes na valência SAD, 9 na valência CD e 35 na ERPI. 

(NV): Quais as principais necessidades/ dificuldades que existem num Centro Paroquial?

(PJE): Falta de receitas, porque no contexto em que este Centro Paroquial está inserido, e tendo em atenção que esta Instituição apenas trabalha com pessoas idosas, a situação económica não é a melhor, em comparação com o resto do país. Globalmente, os rendimentos são baixos e, em alguns utentes, quase inexistentes. Os donativos também são escassos e talvez pela falta de envolvência da comunidade, em geral. Falta a comunidade considerar o Centro Paroquial como algo que efetivamente lhe pertence e lhe diz respeito.  

A falta de recursos humanos específicos para este sector também é uma necessidade e, às vezes, um problema, porque é difícil conseguir quem queira abraçar este tipo de trabalho, que é específico, humano, cansativo e aparentemente mal assalariado. 

As comparticipações da Segurança Social são diminutas comparativamente com o serviço prestado, em qualquer valência, e com o seu custo. E no exercício da valência SAD isto é flagrante, porque não se atende à deslocação de colaboradoras e de veículos, de tempo e de consumo e desgaste, respetivamente. O acordo de SAD deveria contemplar e justamente subsidiar a diversidade dos serviços, e, pelo menos, a distância e o tempo de deslocação. Antes da pandemia, esta Instituição começava o SAD pelas 08h00 e terminava pelas 21h00, ou seja, muito além do acordado e, consequentemente, com mais custos. Mais qualidade, mais quantidade e apenas mais despesas, porque não existe reconhecimento nem comparticipação.       

(NV): Quais as principais iniciativas realizadas com os idosos?

(PJE): O acompanhamento e o cuidado humano a cada utente, tentando minorar as suas incapacidades individuais. Criar e melhorar a relação com os familiares. Não deixar ninguém desprotegido. E a envolvência e abertura à comunidade, em geral. 

(NV): A pandemia trouxe ainda mais dificuldades. Como fizeram, face aos desafios lançados pela Covid-19?

(PJE): A Instituição tem tentado a racionalização dos recursos humanos face às reais necessidades e às despesas e receitas. Também tem negociado e renegociado todos os contratos de prestação de serviços e de bens. Tem apostado na renovação de equipamentos com melhor economia de consumo e nas energias renováveis. 

Neste tempo específico de pandemia, o Centro Paroquial não descuidou a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual, mas têm-no feito ao melhor valor possível, e isso exige procura e constante comparação de orçamentos.  

Refira-se que, para restaurar e capacitar o edifício, existem duas candidaturas: uma, aprovada, ao Norte 2020 e outra, sem resposta, ao Pares 3.0. Candidaturas idealizadas para suprimir necessidades, mas também para minimizar as despesas. E para trocar o veículo que faz o transporte dos utentes de Centro de Dia, concorreu-se ao último Orçamento Participativo do Concelho. A Instituição também será contemplada. Enfim, a sustentabilidade da Instituição é um desafio quase diário. Contudo, não se deve nada a ninguém.

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