Criado em 1994, o Centro Paroquial e Social de Chaviães esteve voltado desde sempre para as divergências sociais. O contributo do projeto municipal "Melgaço Solidário" permitiu, nesse mesmo ano, iniciar um trabalho profundo e direcionado às problemáticas da 3ª idade, tendo sido celebrado, em 1998, um acordo com a Segurança Social para 24 utentes/clientes em Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), com o objetivo de contrariar o isolamento e a solidão de muitos idosos que, apesar de verem as suas necessidades básicas satisfeitas, continuam a sentir-se sós e desamparados. Assim, o Centro Paroquial e Social de Chaviães criou a resposta de Centro de Convívio (CC), que funciona na sede da Instituição.
Em 2009, abriu as suas portas o Centro de Acolhimento Temporário (CAT), direcionado para um público-alvo diferente, neste caso, crianças, adolescentes e jovens em risco, após ter sido celebrado um protocolo de cooperação com a Autarquia e com a Segurança Social no sentido de criar uma nova resposta, e assinado um Contrato de Comodato com a Autarquia para a cedência da antiga Casa dos Magistrados para receber/“alojar” esta resposta.
Desde 2010, através de uma candidatura ao PARES – Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais, e com a criação do edifício que agora é a sede da Instituição, o Centro Paroquial e Social de Chaviães alargou a sua capacidade de respostas, criando a valência de Centro de Dia (CD).
Desde julho de 2020 que o Centro Paroquial e Social de Chaviães é entidade coordenadora local de parceria do projeto CLDS – 4G Melgaço (Contrato Local de Desenvolvimento Social – 4ª Geração), que pretende intervir ativamente junto da população através do Eixo III – Promoção do Envelhecimento Ativo e Apoio à População Idosa, e do Eixo IV – Auxílio e Intervenção Emergencial às Populações inseridas em territórios afetados por calamidades e/ou capacitação e desenvolvimentos comunitários.
As dificuldades financeiras são, sem margens para dúvidas, o principal desafio das
Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e a nossa não é exceção, pois a comparticipação recebida por parte da Segurança Social, bem como da parte dos utentes a quem são prestados serviços, não cobrem as despesas que a Instituição tem com salários, manutenção e abastecimento de viaturas e materiais para desenvolvimento de atividades; daí considerar pertinente afirmar que não podemos olhar apenas para o que se recebe, mas sim para a semente que deixamos a cada dia no coração de cada utente, que dá, como fruto, o sorriso e o olhar meigo. Os utentes precisam de nós, mas nós precisamos ainda mais deles…
Outra das grandes dificuldades é a escassez de recursos humanos com competências e formação suficientes, tendo em conta a densidade populacional do território onde estamos inseridos e a faixa etária predominante (65+). Para se trabalhar com as faixas etárias com que trabalhamos, é preciso, acima de tudo, gostar daquilo que se faz… É preciso predispor-se, a cada dia, a levar um sorriso e um motivo de felicidade, espalhando a alegria que é viver, contagiando e estimulando os utentes a deixar-se envolver por estes sentimentos que serão, assim, recíprocos.
No Centro de Acolhimento Temporário, uma das dificuldades assenta no facto de o edifício não ser da Instituição, o que dificulta e atrasa os processos de intervenção a nível de obras (que neste momento se fazem sentir). Durante o tempo de confinamento, em que tínhamos todos os utentes a assistir online às aulas, fomos “obrigados” a lançar a campanha “Vamos levar a escola ao CAT”, que consistia em arranjar três computadores. Prontamente a população aderiu e conseguimos mais um computador do que tínhamos pensado.
Somos uma Instituição grata! Focando-me mais neste último ano, foram vários os contributos recebidos, quer das “gentes da terra” (pessoas singulares ou organizações), quer dos Concelhos limítrofes, para fazer frente às várias necessidades: equipamentos de proteção individual, gel desinfetante, máquinas de desinfeção e material geriátrico; até a oferta de uma viatura em segunda mão.
O Centro Paroquial e Social de Chaviães apresenta uma oferta diversificada de respostas, pelo que cada serviço prestado é único e personalizado, mediante as necessidades/exigências de cada utente/cliente. As atividades de Serviço de Apoio Domiciliário funcionam todos os dias, das 07h30 às 20h30, e centram-se na satisfação de necessidades básicas, através da prestação de cuidados de higiene e conforto pessoal, tratamento de roupa, higiene habitacional, medicação assistida e distribuição/administração de refeições. Num futuro próximo, iremos também implementar mais uma oferta inserida na resposta que se prende na animação ao domicílio, com o intuito de tornar mais “independentes” da televisão e do rádio os utentes/clientes que estão mais sozinhos.
Já no Centro de Dia, é assegurada diariamente, das 07h30 às 20h00 (exceto ao Domingo e a 25 de dezembro), a prestação de cuidados de higiene e conforto pessoal, medicação assistida, atividades de animação centradas na estimulação e desenvolvimento cognitivo através de trabalhos manuais, passeios no exterior, jogos de raciocínio, atividade física e atividades ao ar livre.
Tendo também a nossa Instituição uma resposta direcionada para crianças, adolescentes e jovens, através do Centro de Acolhimento Temporário, a equipa técnica cria planos de desenvolvimento pessoal para cada utente e um plano de atividades comum. A par destes planos, são ainda criadas parcerias com empresas da região, de forma a permitir a sua integração e participação nas atividades, e na facilitação do acesso às infraestruturas desportivas e de lazer.
Há tempos, cruzei-me nas redes sociais com a frase “Só somos gigantes até ao momento em que algo ’maior’ nos mostra a nossa pequenez”. Gosto de acreditar que a vida (só) nos põe à prova porque sabe que vamos conseguir superar!
Foram necessárias uma enorme logística e uma grande elasticidade por parte dos colaboradores… Primamos sempre pela transparência e sempre foi nosso objetivo, desde o início, manter a comunidade geral informada relativamente à situação pandémica dos nossos colaboradores, através de comunicados na página oficial da rede social Facebook da nossa Instituição…
Privados das suas relações sociais e afetivas, os colaboradores do Centro de Dia, devido ao encerramento temporário da resposta e ao acréscimo de prestação de serviços no domicílio, integraram-se no Serviço de Apoio Domiciliário e trabalharam cerca de doze horas por dia, “catorze” dias por semana, em “equipas espelho”. No Centro de Acolhimento Temporário, com os 8 utentes “em casa”, todos em anos escolares distintos, a assistir de forma online às aulas, e 1 bebé recém-nascido, os colaboradores trabalhavam cinco dias completos seguidos, folgando outros cinco dias seguintes.
Podemos considerar que foram verdadeiros vencedores, apesar de nem todos os dias serem dias de sim e de nem sempre as coisas correrem como idealizavam. Marcaram encontro com eles próprios e deixaram a vida fluir, dia após dia, na sua resiliência e no seu insistir. Não desistiram, fruto da fé que carregavam, na certeza de que dias melhores estariam para vir.
Um dia, quando tudo passar, talvez consigamos perceber que liberdade não é poder sair de casa, mas é saber usufruir dela. É sabermos que os nossos atos, decisões e escolhas poderiam ter impacto no dia-a-dia das outras pessoas.
Desta provação, tenho a certeza que todos acreditamos, de forma afirmativa, que a vida é uma aprendizagem e que tal como os dias maiores, o melhor chega a cada novo dia.
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