OLARILOLÉ OLARILOLÉ

(Foi o melhor título que encontrei para esta bagunça de pensamentos que vos trago. Os mais perspicazes saberão que se trata da nova música mais ouvida em Portugal!)

Notícias de Viana
20 Jul. 2023 4 mins
OLARILOLÉ OLARILOLÉ

Eis o tema: JMJ. Nunca um só evento atraiu tanta gente a Portugal em tão pouco tempo. Vão ser apenas 6 dias! Há 25 anos, tivemos a Expo’98; há quase 20, o Euro 2004; mas em 6 dias apenas a Jornada Mundial da Juventude trará a Portugal, concretamente à região de Lisboa, mais de 1 milhão de peregrinos, pelo menos é o que se prevê. Estamos a escassos dias do início dessa semana única com a presença do Papa Francisco e devemos perceber se está tudo pronto (ou quase) para receber a imensa multidão e também o que esta Jornada deixará como legado para o futuro dos jovens e do país.

Primeiramente, é um grande testemunho para os jovens! Recentemente, foi divulgado um estudo que demonstrou que 56% dos jovens portugueses declaram-se como religiosos ou como tendo qualquer tipo de fé, dos quais 49% como católicos praticantes ou não praticantes. Estes números são interessantes quando pensamos que a sociedade está completamente secularizada em que as questões da religião (seja ela qual for) não fazem sentido no mundo baseado na evidência e na racionalidade, e por isso, creio que aquilo que esta jornada vai trazer, para além de ser uma oportunidade da Igreja de se reaproximar dos crentes, mostrará verdadeiramente aquilo que é a sua Mensagem de acolhimento, de inclusão, de proximidade, centralizando o discurso nas questões que são verdadeiramente importantes tais como a dignidade do ser humano e o respeito pelo planeta (entre outros, claro).

Em segundo lugar, é um investimento no futuro do país. Vejamos os números: em 6 dias apenas, estima-se que o país possa acolher entre 795 mil a 1 milhão e meio de visitantes, o que seria praticamente o triplo da população de Lisboa. Os dados mais recentes apontam para a inscrição de 680 mil peregrinos e vindos de todos os países do mundo, à exceção das Maldivas. A somar, contaremos com a preciosa ajuda de cerca de 25 mil voluntários. O Estado é um parceiro necessariamente essencial para concretizar uma empreitada como esta. O governo assumiu o compromisso de contribuir com quase 22 milhões de euros, somando-se a esse valor mais 8 milhões para deslocar o terminal de contentores, o que coloca a fatura do Estado a rondar os 30 milhões de euros. A Câmara Municipal de Lisboa gasta 35 milhões e a de Loures mais 10 milhões de euros, sendo que uma boa parte destes investimentos traduzem-se em espaços que ficam depois para utilização futura. No final, estima-se que o custo total rondará os 161 milhões de euros sendo que o retorno rondará os 500 milhões (valores tornados públicos pela RTP).

Então, Portugal está ou não preparado para a JMJ?

D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ e recentemente nomeado como cardeal, dizia que foi inesquecível ter percorrido o país todo numa grande tentativa e um grande desejo de ir aos locais que não são tão óbvios para convidar cada jovem a participar. Os símbolos JMJ (Cruz e o Ícone) foram a centros comerciais, a cinemas, a parques de estacionamento, a casamentos, a piscinas… foram às coisas mais mirabolantes (como foi o nosso caso do arraial minhoto!). «Os jovens tiveram a coragem de o fazer e isso é muito importante e eu testemunhei em direto e a cores!» – dizia.

A urgência das Jornadas é provocar, hoje, os jovens a serem os protagonistas da sua vida! Não percamos esta esperança. Estes jovens do “hoje” estão a dar uma hipótese à Igreja, estão a dar o benefício da dúvida, querem conhecer, estão curiosos. Ora, a Igreja não pode chegar ao dia 6 de agosto – no pós-jornadas – e dizer a estes milhares de jovens: «Meus amigos, agora encontramo-nos no próximo domingo às 11h na missa». Não pode! Se assim for, todo o esforço foi em vão. O Papa Francisco diz que os jovens têm de ser convidados para a missão e “lá mais para a frente” podem descobrir a oração.

Aos que vão, boa jornada! Aos que ficam… não fiquem, vão também! Vemo-nos em Lisboa!

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