(Foi o melhor título que encontrei para esta bagunça de pensamentos que vos trago. Os mais perspicazes saberão que se trata da nova música mais ouvida em Portugal!)
Eis o tema: JMJ. Nunca um só evento atraiu tanta gente a Portugal em tão pouco tempo. Vão ser apenas 6 dias! Há 25 anos, tivemos a Expo’98; há quase 20, o Euro 2004; mas em 6 dias apenas a Jornada Mundial da Juventude trará a Portugal, concretamente à região de Lisboa, mais de 1 milhão de peregrinos, pelo menos é o que se prevê. Estamos a escassos dias do início dessa semana única com a presença do Papa Francisco e devemos perceber se está tudo pronto (ou quase) para receber a imensa multidão e também o que esta Jornada deixará como legado para o futuro dos jovens e do país.
Primeiramente, é um grande testemunho para os jovens! Recentemente, foi divulgado um estudo que demonstrou que 56% dos jovens portugueses declaram-se como religiosos ou como tendo qualquer tipo de fé, dos quais 49% como católicos praticantes ou não praticantes. Estes números são interessantes quando pensamos que a sociedade está completamente secularizada em que as questões da religião (seja ela qual for) não fazem sentido no mundo baseado na evidência e na racionalidade, e por isso, creio que aquilo que esta jornada vai trazer, para além de ser uma oportunidade da Igreja de se reaproximar dos crentes, mostrará verdadeiramente aquilo que é a sua Mensagem de acolhimento, de inclusão, de proximidade, centralizando o discurso nas questões que são verdadeiramente importantes tais como a dignidade do ser humano e o respeito pelo planeta (entre outros, claro).
Em segundo lugar, é um investimento no futuro do país. Vejamos os números: em 6 dias apenas, estima-se que o país possa acolher entre 795 mil a 1 milhão e meio de visitantes, o que seria praticamente o triplo da população de Lisboa. Os dados mais recentes apontam para a inscrição de 680 mil peregrinos e vindos de todos os países do mundo, à exceção das Maldivas. A somar, contaremos com a preciosa ajuda de cerca de 25 mil voluntários. O Estado é um parceiro necessariamente essencial para concretizar uma empreitada como esta. O governo assumiu o compromisso de contribuir com quase 22 milhões de euros, somando-se a esse valor mais 8 milhões para deslocar o terminal de contentores, o que coloca a fatura do Estado a rondar os 30 milhões de euros. A Câmara Municipal de Lisboa gasta 35 milhões e a de Loures mais 10 milhões de euros, sendo que uma boa parte destes investimentos traduzem-se em espaços que ficam depois para utilização futura. No final, estima-se que o custo total rondará os 161 milhões de euros sendo que o retorno rondará os 500 milhões (valores tornados públicos pela RTP).
Então, Portugal está ou não preparado para a JMJ?
D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ e recentemente nomeado como cardeal, dizia que foi inesquecível ter percorrido o país todo numa grande tentativa e um grande desejo de ir aos locais que não são tão óbvios para convidar cada jovem a participar. Os símbolos JMJ (Cruz e o Ícone) foram a centros comerciais, a cinemas, a parques de estacionamento, a casamentos, a piscinas… foram às coisas mais mirabolantes (como foi o nosso caso do arraial minhoto!). «Os jovens tiveram a coragem de o fazer e isso é muito importante e eu testemunhei em direto e a cores!» – dizia.
A urgência das Jornadas é provocar, hoje, os jovens a serem os protagonistas da sua vida! Não percamos esta esperança. Estes jovens do “hoje” estão a dar uma hipótese à Igreja, estão a dar o benefício da dúvida, querem conhecer, estão curiosos. Ora, a Igreja não pode chegar ao dia 6 de agosto – no pós-jornadas – e dizer a estes milhares de jovens: «Meus amigos, agora encontramo-nos no próximo domingo às 11h na missa». Não pode! Se assim for, todo o esforço foi em vão. O Papa Francisco diz que os jovens têm de ser convidados para a missão e “lá mais para a frente” podem descobrir a oração.
Aos que vão, boa jornada! Aos que ficam… não fiquem, vão também! Vemo-nos em Lisboa!
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