O Seminário de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana Subsídios para a sua história – parte XXIX

É aqui Na freguesia de Monserrate, no lugar dos Sobreiros, em terreno circunscrito pela Avenida 25 de Abril e pelo troço da Rua de S. José, que, a partir daquela, sobe na direção do estádio do «Sport Clube Vianense» e liga à Rua Cidade de Riom, o Seminário Diocesano de Viana do Castelo ergue-se à […]

Notícias de Viana
11 Jun. 2021 6 mins
O Seminário de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana Subsídios para a sua história – parte XXIX

É aqui

Na freguesia de Monserrate, no lugar dos Sobreiros, em terreno circunscrito pela Avenida 25 de Abril e pelo troço da Rua de S. José, que, a partir daquela, sobe na direção do estádio do «Sport Clube Vianense» e liga à Rua Cidade de Riom, o Seminário Diocesano de Viana do Castelo ergue-se à vista da cidade como o «coração da Diocese».

Se o «coração de Viana», composto por fios de ouro entrelaçados, estilizando as chamas do culto antigo ao Sagrado Coração de Jesus, é o símbolo da cidade, o Seminário Diocesano, nela erguido, é a «lareira acesa» onde as chamas fundem n’Aquele e modelam por Ele os corações cristãos da Igreja vianense. 

O sonho de D. Júlio e o desejo de D. Armindo estiveram sempre alinhados em reconhecer o Seminário Diocesano como prioridade da identidade diocesana. Também é verdade que a vontade de ambos era erguê-lo na cidade episcopal. Mas, onde?

Durante anos a fio, a pergunta só teve hipóteses falhadas como resposta. Até o último trimestre de 1986, as esperanças do Bispo e Diocese vianenses em encontrar um lugar para o Seminário Diocesano tinham sido sucessivamente retalhadas por razões várias.

Goradas as negociações com a Venerável Ordem do Carmo do Porto, a Congregação do Espírito Santo e a Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, decorridos anos a empreender esforços para que fosse primeiro ali, depois acolá e, por fim, além, o que ficou de cada uma das estações de um longo itinerário percorrido, foi a sensação de pouca abertura ou disponibilidade da parte dos representantes das instituições oponentes – mas com fins consentâneos com a missão da Igreja – para transcenderem os seus particulares objetivos e corresponderem sublime e preferencialmente à preocupação e prioridade da Diocese.

É surpreendente, por isso, como, no espaço de pouco mais de um ano após o malogro da negociação com a Santa Casa da Misericórdia, o Bispo e a Diocese de Viana do Castelo alcançaram o que há muito era querido: a resposta definitiva à tal pergunta, sobretudo desde que foi viabilizada a permuta de terrenos entre a Junta Autónoma das Estradas (J.A.E.) e a Diocese.

Em três tempos, a Diocese de Viana do Castelo conseguiu, primeiramente, chegar a acordo com a J.A.E. – organismo público com autonomia administrativa e financeira, sujeito à tutela do Governo através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, com o objetivo de dotar a rede rodoviária nacional das infraestruturas necessárias.

De seguida, assinar a escritura de permuta, dando em troca o terreno do património diocesano mais enjeitado em todas as negociações anteriores – designadamente, a bouça de Mazarefes.

Por fim, projetar o Seminário Diocesano em um lugar situado muito perto das duas derradeiras alternativas – o «Seminário das Ursulinas» e o antigo pavilhão cirúrgico –, que entretanto tinham ficado para trás, sem solução.

A indicação do lugar onde está atualmente implantado o Seminário Diocesano de Viana do Castelo foi iniciativa do Doutor Manuel Rosado Coutinho (1921-1991), consultor jurídico da Diocese e antigo Provedor da Santa Casa da Misericórdia. Por isso e certamente por muito mais, seria a esse «amigo da Diocese» que D. Armindo, em primeiro lugar, expressaria pública e postumamente a sua gratidão pessoal e a de toda a Igreja vianense, na inauguração oficial do Seminário Diocesano, em 25 de março de 1997. 

Preliminares

Com data de 25 de outubro de 1986, D. Armindo redigiu uma petição para ser enviada ao Presidente da Junta Autónoma das Estradas, o General Ernesto Augusto Ferreira de Almeida Freire, a solicitar a viabilização de uma permuta de terrenos em ordem à construção do Seminário Diocesano de Viana do Castelo. 

Mas, antes de a enviar ao destinatário, deu-a a ler ao advogado Manuel Rosado Coutinho, consultor jurídico da Diocese, para que indicasse quais as alterações necessárias fazer ao texto. 

A versão final da petição, entretanto corrigida e aumentada, apenas seguiria o seu destino datada de 24 de novembro, dois dias após a entrevista do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo à Rádio Geice, em que foi exposto o ponto de situação da negociação daquela instituição com a Diocese.

Em missiva de 4 de novembro, o Doutor Manuel Rosado Coutinho sugeriu a substituição do segundo parágrafo da primeira versão por um texto novo apresentado por ele. Ao mesmo tempo, recomendou que, juntamente com a petição, fosse também enviada a planta do terreno.

O preâmbulo da petição foi conservado. Nele, D. Armindo referia que a Diocese de Viana do Castelo «tem vindo desde o seu início a fazer diligências para a instalação de um Seminário, que é sempre a obra fundamental para a sobrevivência de qualquer diocese. Neste sentido trabalhou o meu antecessor, e no mesmo sentido venho eu diligenciando desde que tomei posse em 8 de dezembro de 1982».

O mesmo não aconteceu com a primeira versão do segundo parágrafo, em que se tinha escrito o seguinte, antes de se exporem as razões do pedido: «Várias tentativas saíram frustradas, e estaríamos no termo de todas as esperanças se não nos restasse ainda uma última hipótese. Possui a J.A.E., a que V. Ex.cia superiormente preside, um terreno na área da cidade, à saída na direcção Norte, utilizado como armazém de máquinas e materiais. Possuindo a Diocese um terreno na freguesia de Mazarefes, num local que ficará próximo dos acessos à projectada nova ponte de Viana, perto portanto da cidade, venho pedir a V. Ex.cia o favor de viabilizar uma permuta, nos termos de uma justa avaliação das duas áreas em causa».

Dito assim muito sumariamente, no entendimento do consultor jurídico, o assunto da petição poderia dar azo a delongas com explicações. Por isso, aquele propôs a D. Armindo uma nova redação, mais expositiva, pormenorizada e também mais extensa, em quatro alíneas, identificando os terrenos a permutar e apresentando as vantagens mútuas da negociação, «para que não haja perdas de tempo com esclarecimentos futuros». 

D. Armindo adotou-a por inteiro, salvo a frase «embora de momento sem estabelecimento» referente ao Seminário (alínea b). Em abono da verdade, este estava instalado tanto em Monção como em Darque, repartido, respetivamente, entre o Seminário de São Teotónio e o Centro Pastoral Paulo VI.

(continua na próxima edição)

Tags Diocese

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