O Seminário de Viana do Castelo. Prioridade da Identidade Diocesana: subsídios para a sua história – parte XII

Com custos Para a Igreja diocesana, a formação dos seminaristas representava anualmente um investimento considerável, apesar de haver uma opinião generalizada de que as famílias pagavam as suas despesas e a Diocese apenas suportava os custos inerentes à construção ou manutenção de edifícios. Na edição de 4 de julho de 1985, o «Notícias de Viana» […]

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5 Fev. 2021 4 mins
O Seminário de Viana do Castelo. Prioridade da Identidade Diocesana: subsídios para a sua história – parte XII

Com custos

Para a Igreja diocesana, a formação dos seminaristas representava anualmente um investimento considerável, apesar de haver uma opinião generalizada de que as famílias pagavam as suas despesas e a Diocese apenas suportava os custos inerentes à construção ou manutenção de edifícios.

Na edição de 4 de julho de 1985, o «Notícias de Viana» dava conta de que a Diocese de Viana do Castelo desembolsava, por ano, um total de seis mil contos para a formação dos seus seminaristas, sendo mais onerosos os que frequentavam o Seminário Conciliar de Braga, logo seguidos pelos do Seminário de São Teotónio, em Monção.

Contas feitas, «cada aluno do Seminário Conciliar custa à Diocese, em média, por ano, 90.873$90, para além da sua contribuição na ordem dos 64.786$10; os alunos no Seminário Menor, em Braga, implicam uma intervenção média de 19.234$40 cada um por ano; cada aluno do Seminário de S. Teotónio, em Monção, envolve um gasto da Diocese no valor de 59.530$50 por ano».

Por outro lado, «excluindo as despesas avultadas com livros, material escolar e de uso pessoal, cada família gasta, em média anualmente, com um aluno no Seminário Conciliar 64.786$10, no Seminário Menor em Braga, 70.515$40, no Seminário de S. Teotónio, 40.500$00».

Os montantes despendidos pela Diocese na formação dos seminaristas eram uma preocupação que o Vigário Geral, Mons. Sebastião Pires Ferreira, fazia questão de partilhar com os sacerdotes nas reuniões arciprestais em que marcava presença, como aconteceu, por exemplo, em 12 de março e 9 de abril de 1986 com o clero de Ponte da Barca. 

Tratava-se de um investimento que era acompanhado pela LIASE e complementado por ofertas recebidas pelo Bispo nas visitas pastorais e pela generosidade de benfeitores, alguns anónimos e outros que chegaram a ser notícia, como foi o caso do Pe. Manuel Bernardo Pintor (1911-1996), que, no dia 18 de setembro de 1984, entregou pessoalmente nas mãos do Bispo cem mil escudos de oferta do povo de Riba de Mouro (Monção), depois de ter celebrado, no dia 9, a dedicação da sua igreja paroquial e as bodas de ouro sacerdotais do seu Pároco. Aliás, o Seminário de São Teotónio viria a ser o lugar escolhido pelo Pe. Bernardo Pintor para passar os últimos dias da sua vida, depois que deixou de paroquiar em 1989.

Outro exemplo de partilha em favor do Seminário foi lembrado por D. Armindo, em 11 de agosto de 1991, na igreja matriz de Monção, por ocasião da homenagem póstuma a Mons. António Marques de Oliveira, Pároco da vila raiana desde 1956, falecido em 3 de abril de 1990.

D. Armindo recordou o gesto tido pelo referido Monsenhor cinco anos antes da sua morte, durante a visita pastoral à vila de Monção, em 9 de março de 1986, em que fez chegar às mãos do Bispo um donativo acompanhado da seguinte mensagem: «esta minha oferta pretende significar que: muito do que sou devo-o à Igreja; quero muito ao ‘nosso’ seminário; confio nas orações dos ‘nossos’ seminaristas». 

De acordo com D. Armindo, «não se tratava de alijar a carga do supérfluo que não possuía, nem de repartir a riqueza que não acumulou, mas de exprimir a gratidão própria de uma requintada delicadeza, de apoiar a causa do Seminário (característica de quem encontrou no sacerdócio a felicidade a que permanece fiel), e ainda de procurar apoio na oração, sua e dos amigos, para alimentar a esperança de viver».

(Continua na próxima edição)

Tags Diocese

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