Qual o papel da AEVC e quais são os principais objetivos?
O grande foco é dinamizar. No entanto, como associação, o nosso papel é sempre intervir e reivindicar em nome dos nossos sócios e empresários. Obviamente que temos de fomentar a geração de riqueza através de dinâmicas e ações, a fim de chamar as pessoas para o nosso comércio de rua e tradicional, e empresas.
Também temos uma empresa de contabilidade que auxilia a associação e que nos faz chegar as informações mais corretas, precisas e possíveis para os nossos sócios. Em suma, é gerar todo um processo em que o associado da empresa nos pode procurar para esclarecer dúvidas ou resolver qualquer problema.
Qual o balanço que faz destes seis meses como presidente da AEVC?
O balanço é muito positivo. Nesta fase, conseguimos estabelecer uma boa comunicação com a Câmara Municipal de Viana do Castelo. Além disso, mantemos a boa relação com as outras Câmaras da nossa área de abrangência no distrito, nomeadamente Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença e Paredes de Coura.
Vamos iniciar uma campanha, no dia 18 de maio, com a Câmara Municipal de Caminha e já temos um protocolo com a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira que consiste na ida, semanalmente, da parte da manhã, de duas colaboradoras para o gabinete de apoio aos associados. Esta parceria surge no âmbito dos programas de financiamento e criação do primeiro emprego destinados, não só aos associados de Vila Nova de Cerveira como também a quem se quiser associar para ter esses benefícios.
Quais são os maiores desafios que a Associação Empresarial enfrenta neste momento?
Faca à pandemia da Covid-19, estamos a viver uma época atípica. O desafio é retomar a comunicação com as empresas e sócios e, para já, tem corrido muito bem. É uma questão de proximidade e de ser associação junto das empresas, onde o associado pode ser acarinhado com a nossa preocupação e disponibilidade.
Desde que foram decretados os três estados de emergência, nunca deixei de vir para a AEVC, tendo sempre respeitado as regras de segurança e higiene porque, na minha opinião, é em momentos como este que devemos apoiar as pessoas que realmente estão no terreno a faturar zero e a pagar as suas despesas.
Face à pandemia da Covid-19, muitas empresas/comércios tiveram que suspender as suas atividades. O que é que a AEVC fez para as apoiar?
A primeira fase foi informar. Centramo-nos na disseminação de informação precisa, confirmada e consolidada. Sem especulações. Houve até um tempo maior para poder divulgar outras informações frente a outras entidades.
O nosso tecido empresarial e comercial tem-se portado, a sacrifício próprio, de forma muito exemplar. Desta forma, a segunda fase advém de um trabalho em conjunto com as entidades de topo, nomeadamente, as autarquias através da criação de dinâmicas e soluções que viessem de encontro àquilo que é o apoio efetivo às empresas. Uma das nossas grandes ações e em que fomos pioneiros, foi a criação de uma ferramenta online que disponibiliza informação de serviços e empresas de take-way e de entrega ao domicílio. Inicialmente, decidimos apoiar a restauração, mas ficamos muito surpresos e congratulados porque, através deste projeto, apoiamos 18 sectores diferentes e 250 empresas. O nosso site de divulgação de take-way tem mapas interativos e fotos das empresas que fazem esse tipo serviço. É muito intuitivo e pode fazer-se a pesquisa por sector, nome e tipo de produto.
Outra das medidas desenvolvidas foi a plataforma VianaMarket. Trata-se de um comércio digital que já estava a ser preparado em conjunto com a Câmara Municipal de Viana do Castelo e a Associação Cultural e de Educação Popular (ACEP). No entanto, tivemos que antecipar a implementação deste projeto para apoiar as empresas e comércios na fase da pandemia da Covid-19. A plataforma tem gerado um efeito muito bom porque o comércio digital é uma realidade do nosso dia-a-dia e, na minha opinião, também o comércio tradicional deve voltar-se para esta vertente. É outro meio de faturação e de venda e, hoje, quem está fora do digital fica muito complicado. Lançámos a VianaMarket no dia 31 de abril e, no dia 4 de maio, já tínhamos 100 empresas registadas. É uma grande plataforma do concelho de Marketplace, onde as pessoas vão conseguir procurar pelo produto e, depois, a própria plataforma identifica quais as empresas que vendem esse produto, preços, condições e prazo de entrega.
A AEVC está a atribuir um selo de garantia intitulado “Comércio Seguro” a vários estabelecimentos do concelho de Viana do Castelo e espera alargar este projeto a outros concelhos do distrito. Qual o significado deste selo?
O selo é constituído por um kit que contém todos os dísticos da Direção Geral da Saúde (DGS), um manual de boas práticas emitido pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) por setor, cinco máscaras doadas em parceria com a Câmara Municipal, um cartaz a referir o uso obrigatório de máscara dentro do estabelecimento e o autocolante que comprova para o cliente que podem voltar com segurança porque aquele comércio assinou um termo de compromisso em que vai cumprir as regras. Ou seja, pode entrar naquele comércio porque é seguro.
O que identificamos foi que, quando o comércio reabrisse, muitas pessoas ainda teriam medo de voltar às ruas e às lojas, onde consumiam os seus produtos. É normal isso acontecer e, por isso, este selo é uma atribuição de confiança para que os consumidores possam retomar a uma certa normalidade.
A AEVC, em parceria com a CMVC, está a preparar uma campanha de promoção de Viana pós Estado de Emergência, tendo como mote a frase emblemática “Havemos de Ir a Viana” do poema de Pedro Homem de Melo. Quais os eixos em que assenta este projeto?
É um projeto que ainda está em construção e foca-se no turismo interno nacional. Entendemos que este vai demorar algum tempo a retomar um princípio de normalidade e, com essas aberturas, é necessário fomentá-lo.
É uma campanha que pretendemos desenvolver a nível nacional através da promoção da cidade de Viana do Castelo e das suas maravilhas. Vamos também fazer um ponto com todas entidades do comércio que fomentam o turismo, nomeadamente, as empresas que trabalham com o sector do turismo, da gastronomia e muitos outros. Ou seja, promoveremos o nosso território, parques, monumentos, museus, gastronomia e turismo, mostrando que vir a Viana do Castelo é seguro.
Há umas semanas, o Papa Francisco, a propósito da crise económica que surge como consequência da pandemia, recordou que o caminho para enfrentar a crise é a solidariedade. De que forma podem os vianenses ser solidários com o seu comércio?
A solidariedade não foi esquecida e estamos de olhos voltados, em conjunto com a Câmara Municipal, para a vertente social porque ficamos muito preocupados e sensibilizados, em particular, com o Banco Alimentar.
Há 12 mil famílias com necessidade de alimento. É muito chocante esta realidade e, por isso, desenvolveremos uma ação que beneficie todos.
O que o preocupa para o futuro?
Preocupação sempre há porque foi uma crise que chegou extremamente rápida e que mexe muito com a saúde das pessoas, acarretando muitas mortes. Depois, tentar perceber como é que a vida quotidiana vai ser gerida daqui para a frente até que seja encontrado um medicamento ou vacina para travar o vírus porque vai levar o seu tempo.
Quanto às empresas e comércio, haverá uma queda de faturação. Em Viana do Castelo, o comércio e as empresas têm suportado e aguentado bem. Durante os estados de emergência, conseguimos verificar que as empresas e o comércio estão sólidos, mesmo aqueles que foram obrigados a fechar por decreto. No concelho, tenho apenas conhecimento de uma empresa que fechou, mas que já vinha com alguns problemas financeiros do passado. Contudo, por conta da covid-19, não tenho conhecimento de nenhuma empresa que encerrou atividade, mas se aconteceu, não nos chegou essa informação.
Há projetos futuros em cima da mesa?
Estamos a trabalhar para o verão. Já fizemos o pré-lançamento do “Viana à Esplanada” que consiste num novo programa de incentivo e promoção do comércio e restauração em espaço público, onde irá ser criado um conjunto de regras. Estas serão facultadas para o uso do concelho, onde todas as freguesias vão beneficiar das mesmas regras do centro histórico. É uma ação que decorre no âmbito da restauração, nomeadamente, cafés e pastelarias.
Estamos também no início de conversações para desenvolver uma nova ação de apoio ao sector automóvel, sobretudo, no comércio de usados, que também vai sofrer com esta retoma.