Monumentos fazem memória de São Bartolomeu dos Mártires: a capela da Cúria Diocesana que foi sua cela nos finais do século XVI (1582-1590), o Convento de Santa Cruz na paróquia de Monserrate, os seus restos mortais na capela-mor da igreja de S. Domingos, a escultura de Manuel Rocha na praça do mesmo nome, o painel azulejar de Paula Branco Pereira na escola Bartolomeu dos Mártires, no canto Este da cidade, quantas Cruzes bartolomeanas nas paróquias da diocese! Tantas recordações próximas!
Monumentos fazem memória de São Bartolomeu dos Mártires: a capela da Cúria Diocesana que foi sua cela nos finais do século XVI (1582-1590), o Convento de Santa Cruz na paróquia de Monserrate, os seus restos mortais na capela-mor da igreja de S. Domingos, a escultura de Manuel Rocha na praça do mesmo nome, o painel azulejar de Paula Branco Pereira na escola Bartolomeu dos Mártires, no canto Este da cidade, quantas Cruzes bartolomeanas nas paróquias da diocese! Tantas recordações próximas!
São Bartolomeu dos Mártires está sobretudo no coração dos vianenses: viveu no século XVI (1514-1590) e foi insigne arcebispo da arquidiocese de Braga (de 1559 a 1582), que nesse tempo compreendia os territórios da diocese de Bragança-Miranda, da diocese de Vila Real e da diocese de Viana do Castelo. A diocese de Viana do Castelo foi desmembrada da arquidiocese de Braga em 1977, por S. Paulo VI.
O desejo que se acalentava em muitos vianenses desde há séculos concretizou- se no passado 06 de julho. O desejo foi colmatado pelo Papa Francisco, anunciando nesse dia, depois das últimas diligências no dicastério da Causa dos Santos: o Beato Bartolomeu dos Mártires será canonizado em dez de novembro próximo, em cerimónia na cidade de Braga.
São Bartolomeu dos Mártires enfrentou causas muito comuns a este tempo. Participou no Concílio de Trento (1561-1563) e apostou na sua receção, sendo pioneiro das suas reformas na arquidiocese que pastoreava (Braga). Um dos temas mais ventilados era o da interioridade da Igreja, então muito voltada ao poder dos príncipes e ao fausto.
Apostou então na formação. Escreveu o Catecismo ou Doutrina Cristã e Práticas Espirituais, tornando-o obrigatório para o Clero na Liturgia: assim, instruía lentamente o Povo de Deus e exigia mais interioridade ao Clero. Instituiu em Braga a escola dos cânones para ajudar a pastorear o rebanho imenso no seu tempo. Foi exímio dominicano; aceitou com modéstia e dedicação a vida de arcebispo; fundou o velho Hospital de Braga, por muitos conhecido por Hospital de S. Marcos: socorreu os doentes. Fundou o Seminário Conciliar em Braga, onde o nosso clero se formou. Calcorreou os caminhos do Norte de Portugal (de Bragança a Braga, de Cabeceiras a Viana, de Valença a Vila Real). Evangelizou sempre com tenacidade e desassombro na ação, na palavra e na escrita.
Deixou-nos tratados teológicos, com doutrina e ensinamentos pastorais. Foi pastor compassivo e pertinente, sabendo aliar com mestria a disciplina e a compaixão. Visitou as paróquias da vasta arquidiocese e implementou um modelo pastoral que ainda hoje dá frutos (a Visita Pastoral). Foi santo no trato e na prática de austeras exigências. Soube conciliar governo e pobreza, brandura e severidade, nobreza, austeridade e saber. Na verdade, “não há corpo fraco onde o coração é forte”, como Bartolomeu dizia ao escolher as regras da Ordem dominicana, em 1528 (FREI LUÍS DE SOUSA – A Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2019, Livro I, capítulo 2, 5, fac-símile da primeira edição de 1619).
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