Por Diogo Fernandes
Esta Páscoa foi contagiante! Mas “um ‘contágio’ diferente, que se transmite de coração a coração!”. Aqueles que, tal como eu, habitualmente, vivem a Páscoa fora de casa, anunciando Cristo Ressuscitado pelas ruas da Paróquia, fomos “obrigados” a dar a Boa-Nova aos de casa, que muitas vezes são sacrificados pela nossa ausência no “corre-corre” do Compasso Pascal. Vivemos uma “Páscoa caseira” (e não só aquela Páscoa com celebrações paroquiais): construímos, juntos, a nossa cruz; fizemos os bolos da época, juntos; comemos o cabrito, juntos; convivemos, juntos; relembramos as tradições que este ano não foi possível cumprir, juntos. Por vezes, queremos levar a alegria da Ressurreição aos de fora, e muitas vezes esquecemo-nos de O anunciar aos de dentro. Recomendo!
Por Maria Dias
Chegámos à Páscoa! Páscoa? Esta não é a Páscoa por que sempre esperei ao longo do ano e, sobretudo, a culminar a Quaresma… Há mais de 50 anos que não vivia uma Quaresma, uma Semana Santa e um Domingo de Páscoa assim! Não porque tenha menos sentido ou significado. Não porque não a viva pessoalmente de modo intenso. É que me fez muita falta a azáfama da preparação das cerimónias e da sua logística, em conjunto com o meu Pároco e com os outros irmãos que ele igualmente responsabilizava, cada um no seu domínio, no sentido de dignificar a liturgia destes dias maravilhosos. Fez-me falta ir a correr a casa fazer uma refeição e voltar logo a seguir para participar na Via Sacra. Fez-me falta ter de convidar e preparar os homens para o Lava-Pés e os leitores para a Vigília Pascal. E faltou-me o Compasso Pascal, que leva Cristo Ressuscitado à casa de cada um, abençoando todos os presentes.
Mas a verdade é que, mesmo sem essa azáfama pascal, o Senhor ressuscitou e está aí para nos ajudar a ultrapassar esta situação tão estranha!
Por Inês Almas
Páscoa é Luz, Vida. É a transição das trevas da noite para a luz do dia, é RESSUSCITAR. Esta palavra impele-nos a sair, a extravasar, ir ao encontro do(s) outro(s) e dizer “Aleluia” num abraço – mas não podemos. Sentimos falta da família reunida, dos beijos, do cheiro do perfume da mãe, das mãos quentes dos sobrinhos e avós e temos de ficar assim, fechados em casa, fechados em nós mesmos. Talvez seja esta a nossa maior riqueza e o nosso maior ensinamento por estes dias, o de tentarmos igualar Jesus no sepulcro, que sai vitorioso para a Luz, para a Vida. ALELUIA!
Por José Pinto
Domingo de Páscoa, Domingo da Ressurreição. Aleluia!
Logo de manhã, os sinos da Igreja matriz não repicaram a anunciar a saída do Compasso Pascal, há silêncio no ar e as ruas de Alvarães estão desertas em obediência à contenção da pandemia. Vivemos um período atípico, anormal mesmo que vai perdurar nas nossas memórias e os alvaranenses irão recordar que este ano, no 3º domingo da Quaresma, não aconteceu a visita do Senhor aos enfermos, não foi realizada a Via Sacra em quadros vivos, não houve, em Domingo de Ramos, a encenação da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e na igreja matriz não tiveram lugar as cerimónias habituais da Semana Santa. Mais logo, não vai acontecer a Visita Pascal, a família reunida, as crianças, os amigos… e a saudação de uma “Santa e Feliz Páscoa” e toda a envolvência comunicativa das pessoas que comungam o espírito de Cristo Ressuscitado.
Sim, tudo é diferente. Mas é Páscoa com a sua mensagem de vida nova, de Jesus Ressuscitado, de vitória, que nos deve encher de alegria, de paz e de esperança.
Por David Miguel
Esta Páscoa ainda sabe um pouco a Sábado Santo. Tal como há 1987 anos, paira a dúvida no futuro e a certeza de que vivemos tempos difíceis. Mas, como então, ainda há lugar à Esperança. Esta Páscoa é a primeira que vivo com um sentimento que creio que tenha sido semelhante ao dos discípulos de Jesus há 1987 anos. Um misto de confusão, dúvida, impotência, desilusão e no final (melhor dizendo, no princípio!), ao ver o sepulcro vazio, de Esperança.
Por Bárbara Barreiros
“A Ressurreição de Cristo é princípio de vida nova para todo o homem e toda a mulher, porque a verdadeira renovação parte sempre do coração e da consciência”. Estas palavras são do Santo Padre Francisco, pela Páscoa do ano passado.
Infelizmente, verificamos que até ao surgimento da pandemia pela Covid-19, o coração do mundo, pouco ou nada tinha mudado – continuavam os conflitos armados e a miséria. Em Portugal, debatia-se o direito à morte. Sucede que “Este vírus colocou em crise a Omnipotência do Homem” (Papa Francisco). De repente, surgiu um vírus avassalador e despertamos para a vida, para a solidariedade e para a consciência da nossa fragilidade. Verificamos que a vida, a saúde e a sobrevivência da humanidade são a prioridade da nossa existência. Aprendemos a nos adaptar, tanto a nível pessoal quanto a nível profissional e as novas tecnologias que eram consideradas um elemento que promovia o distanciamento social e pessoal, passaram a ser usados como instrumentos essenciais de união e aproximação familiar e profissional.
Nesta Páscoa, não foi possível viver as tradições da forma a que estávamos habituados, mas, conseguimos visualizar, de forma renovada, o verdadeiro espírito da Páscoa, ultrapassando as barreiras do distanciamento social deixamo-nos “contagiar pela esperança” e pela motivação de brevemente agarrarmos o mundo com uma força maior, valorizando o que é verdadeiramente importante – AS PESSOAS.