Milhares de peregrinos, vindos dos dois lados da fronteira, marcaram presença na Romaria da Senhora da Peneda, que decorreu de 31 de agosto a 8 de setembro, em Arcos de Valdevez.
Neste espaço sagrado, que é também paraíso ecológico, todos os romeiros, sem diferença de estrato social, cumpriram o ritual, agradecendo uma graça à Virgem ou fazendo promessas para redimir doenças e infortúnios.
“É a Senhora que traz esta multidão, a qual lhe pede tudo”, disse o pároco, César Maciel, a caminho do Santuário, na Paróquia de Gavieira. E, de facto, “os devotos fazem invariavelmente pedidos à Virgem e, em caso de cura de uma doença, por exemplo, os fiéis, depois de atendidos, cumprem a promessa que haviam feito”, acrescenta.
“O desemprego, que flagela os jovens do Minho e da Galiza, tem levado cada vez mais pais ao Santuário, na esperança de ver a Virgem da Peneda a interceder pelos filhos”, remata.
Com o tempo soalheiro a ajudar, foram chegando cada vez mais devotos, que lotaram o terreiro apontado ao Santuário.
Parte da multidão que se concentrou no recinto participou, primeiro, na Eucaristia e, depois, engrossou a Procissão com recitação do terço do Rosário e oração de Vésperas, um dos momentos mais aguardados da novena. Depois, o cortejo saiu do Santuário e desceu o imponente Escadório das Virtudes – ladeado por vinte capelinhas da Via Sacra – até ao largo do pórtico, regressando ao templo meia hora depois. À frente, os voluntários com as bandeiras; logo atrás, como sempre, o andor da Virgem, acompanhado por elementos do clero. E, a fechar, uma longa coluna de fiéis em sepulcral silêncio pela solenidade do momento, apenas interrompido pela oração.
Para José Pinto, estudioso da Romaria, nestes nove dias, as pessoas, “amarradas à devoção pela Senhora da Peneda, confluem para uma identidade comum, de indiferenciação social, que revela uma consciência coletiva, dissipando diferenças socioeconómicas; isto porque o espaço místico em volta do Santuário não favorece as desigualdades sociais”.
Entretanto, com o cair da noite de domingo, foram-se juntando no largo do terreiro, em perfeita simbiose com as tradições populares, diversos grupos de tocadores de concertina, para um ruidoso arraial, animando milhares de festivaleiros que não arredaram pé até à alvorada de segunda-feira.
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