Memória agradecida: Carlos Miguelote, membro do movimento cursilhos de Cristandade

“Eu vim para servir”

Eu vim para servir, é o título da carta pastoral escrita pelo nosso querido bispo D. Anacleto Oliveira para o ano Pastoral 2016/2017 e que, para mim, traduz bastante bem a imagem que tenho deste homem simples que o Senhor chamou para junto de Si.

Tive o privilégio de privar com ele em vários momentos da minha vida de cristão e de um modo especial como Cursilhista. Aí testemunhei o seu espírito de serviço a esta diocese e do seu grande amor pelos cursilhos de cristandade, os quais sempre considerou como uma das formas fascinantes de evangelização.

Recordo com muito amor todas as clausuras as quais ele fazia questão de estar presente, mesmo sendo elas por vezes ao final de cansativas visitas pastorais, mas como ele sempre dizia “faz-me bem estar aqui convosco”.  Na sua apreciação aos testemunhos apresentados nas mesmas, era seu costume liga-las á Eucaristia que se seguia, de forma que, desculpem a expressão, parecia que nos deixava como quando vemos um filme de suspense.

Era fantástico…

As várias formações a que ele sempre se disponibilizou na escola do MCC, eram de uma profundidade e duma interioridade fascinante, ao ponto de as terminar deixando nos sempre com o desejo de querer saber mais e mais.

A sua forma de cativar com o seu sorriso e a sua boa disposição eram reforçados com a capacidade de se lembrar do nome de alguém que convivera com ele tempos passados.

Este homem, deixou marcas profundas na minha vida com a sua forma de ser e estar. Jamais esquecerei os momentos e conversas que privei com ele, de modo especial na entrada para muitos cursilhos em que nos dava ânimo e coragem para esta tarefa de evangelização.

Muito mais tenho no meu coração, mas, nesta hora de dor quero deixar esta história que representa bem o que ficará…

“- Mãe o que se passa depois da minha morte?

A mãe respondeu:

– Depois da tua morte, o teu corpo é depositado na terra e a tua alma irá para o céu. Compreendes?

– Sim, quando morrer, levam o meu corpo para o cemitério com muitas flores e se, for boa, a minha alma irá para o céu.

– Muito bem estás esclarecida?

– Não muito bem. Disseste para onde vai o meu corpo e a minha alma. E eu, para onde é que vou?

A mãe surpreendida abraçou a menina e disse:

– Tu? Tu serás sempre tu! Quando fores jovem, serás tu e não outra pessoa. Quando fores mãe, serás ainda tu. Quando fores idosa, continuarás a ser tu. E quando estiveres no Céu com Deus, continuarás a ser tu própria. Ele quer que estejas com Ele e com os outros para sempre.”

D. Anacleto Oliveira será sempre Bispo de Viana de Castelo e ficará nas nossas vidas para sempre…

Com muita saudade,Miguelote