Memória agradecida: A.F, colaborador do Notícias de Viana

O meu primeiro contacto próximo com o Sr. D. Anacleto Oliveira, já Bispo de Viana do Castelo, foi no início de uma noite de 2013, uns vinte minutos antes de um encontro de preparação para o Crisma de um considerável grupo de jovens do Arciprestado. Reparei que um sacerdote conversava informal e alegremente com quem […]

Notícias de Viana
20 Set. 2020 3 mins
Memória agradecida: A.F, colaborador do Notícias de Viana

O meu primeiro contacto próximo com o Sr. D. Anacleto Oliveira, já Bispo de Viana do Castelo, foi no início de uma noite de 2013, uns vinte minutos antes de um encontro de preparação para o Crisma de um considerável grupo de jovens do Arciprestado. Reparei que um sacerdote conversava informal e alegremente com quem por ali estava. Seria aquele o Bispo? Procurei o anel, já que não tinha outro sinal visível que não o cabeção. Lá estava o anel! Então era aquele senhor bom disposto e afável, o Pastor! Mais me impressionou a forma como interagiu com os crismandos, colocando questões, respeitando as respostas e registando-as no seu inseparável livrinho preto, soltando uma risada de vez em quando, esclarecendo-os e motivando-os.

Ao longo destes últimos cinco anos, tive o privilégio de estar muitas vezes com o Sr. D. Anacleto (hoje, considero-as bem poucas …) por razões várias, associadas a diversos temas e projetos em que tenho o gosto de estar envolvido, todos ligados à Diocese. O Sr. Bispo tinha sempre ideias muito claras sobre cada assunto, que abordava com serenidade, mas com a autoridade e a objetividade de quem se informou bem e refletiu bastante. No entanto, gostava de ouvir a opinião do seu interlocutor e a sua conceção do problema (falo por mim, homem de números, do ensino e das empresas), percebendo-se a sua vontade de encontrar consensos úteis, se as opiniões não fossem integralmente convergentes.

Um dia, a minha mulher e eu tivemos a ousadia de o convidar para presidir a uma festa de aldeia. Aceitou imediatamente, o que surpreendeu Pároco e Comissão de Festas, face à disponibilidade para uma coisa tão simples. Passou o dia na aldeia e até presidiu à Procissão, para espanto e orgulho de todos. Fiquei, depois, a saber que era assim com toda a gente, desde que lhe pedissem e ele pudesse: “Só me sinto Bispo no meio das pessoas”, disse numa entrevista.

Acompanhei-o algumas vezes. Pude, então, verificar como era verdade. À simpatia com que com toda a gente falava, juntava uma simplicidade inesperada para a missão que desempenhava. Vi-o passar uma boa parte da manhã num Centro Social Paroquial. A alegria daqueles idosos! O que ele brincou e gracejou com eles… e tudo tão naturalmente. Era assim o Bispo Anacleto!

Ficámos (perdoe-se-me a presunção) com dois projetos sem terminar. Um deles, competirá ao próximo Bispo dar andamento, se assim entender. Fico triste por ele não poder terminar o outro, de que era responsável perante a Igreja portuguesa e a que eu dava um humilde contributo: a tradução da Bíblia. O que mais desejava, confiou-me várias vezes, era poder dedicar o resto da sua vida a esse trabalho. Ficou o sonho por realizar, cá na Terra…

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