João Duque recebeu o prémio Árvore da Vida

“Cruzador de fronteiras” ou “capaz de revisitar temas clássicos, mas também de se confrontar com os desafios da cibercultura, com as suas dimensões neognósticas e com a apocalítica do pós-humano”, foram alguns dos contornos da personalidade e do trabalho de João Duque, salientados na sessão de entrega do Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes que o teólogo com origem em Monção recebeu na passada quinta-feira, em Braga, no auditório Espaço Vita.

Notícias de Viana
22 Set. 2022 3 mins
João Duque recebeu o prémio Árvore da Vida

Na intervenção inicial, que procurou apresentar as linhas de força do pensamento de João Duque, João Loureiro, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, afirmou que pró-reitor da Universidade Católica Portuguesa «é exemplo de uma verdadeira “compenetração” (Hans Urs von Balthasar) da teologia (enquanto esta é “expressão da expressão”, ou seja, da Revelação) com os desafios do “pensamento da época”, filosófico, desde logo».

Segundo o académico coimbrão, o primeiro teólogo a ser reconhecido pelo Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes soube trazer «de forma aberta, o seu contributo para um “diálogo político ecuménico” (Michael Perry), um modelo que assume o pluralismo como modo de realização da democracia contra a unilateralidade arrogante do laicismo.

Após a entrega do Prémio, João Duque dirigiu uma curta comunicação traçando alguns pontos fundamentais do estado atual da teologia, salientando que o seu esforço permanente foi a “elaboração de uma teologia universitária, em permanente atenção ao debate cultural contemporâneo”. “Permito-me interpretar este prémio como reconhecimento e valorização de um estilo de teologia que não se limita a refletir a vida interna da Igreja, mas que procura contribuir para o debate sobre a vida comum a todos os humanos, em todas as suas dimensões”, destacou.

O premiado registou, ainda, a insuficiência e o perigoso da elaboração do pensamento teológico como mero exercício interno da Igreja, referindo que este, assim entendido, “não permite um certo grau de intervenção pública da teologia, alimentando problematicamente um potencial espírito de seita ou de bolha”. 

“Se quisermos que a Igreja não se feche no seu gueto e se desejamos que a teologia europeia preste um serviço à relação da Europa consigo e com os outros, na busca de um mundo comum, a teologia terá de entrar num trabalho transdisciplinar muito enriquecedor”, salientou, destacando dois caminhos futuros de trabalho teológico: por um lado “a relação da teologia com a política de acolhimento do outro diferente de nós” e, por outro, a ligação da “teologia com o mundo da cultura”.

No final da sessão, D. João Lavrador, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, realçou a universalidade da Igreja retratada no pensamento teológico de João Duque, alertando para um deficit teológico no pensamento atual. “Ajude-nos”, pediu ao teólogo ao encerrar a sua intervenção.

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