“Exige-se a luz que ilumina o ser, a história, a cultura, a existência e o futuro do Homem”, pois como referiu ainda neste contexto, “sem a luz divina, a pessoa humana revolve-se sobre si mesma, fecha-se, autodestrói-se, e no seu isolamento e autorreferência coloca os seus irmãos como inimigos e rivais”. “Para uma pessoa assim, já nada tem sentido senão dominar o mundo”, apontou.
O prelado diocesano elencou três desafios que derivam do nascimento de Jesus Cristo, enquanto “fonte de salvação” que se torna visível. Em primeiro lugar, a perceção de que o Natal acontece sempre no “hoje permanente da história”, em particular, num tempo em que “não se dá a devida atenção às circunstâncias em que se vive”.
D. João Lavrador realçou o desafio do acolhimento, fazendo memória da falta que este fez à “família de Nazaré (…) numa hora decisiva para a manifestação de Deus e para a salvação da humanidade”. “De que acolhimento estamos a falar nos tempos em que vivemos? Numa sociedade secularista, numa cultura sem Deus, numa humanidade fechada que deriva por si mesma, sem prestar atenção ao outro que bate constantemente à porta (…) O fausto e o bem-estar, o egoísmo e o domínio, fecham todas as portas ao irmão que procura a sua dignidade”, precisou.
O Bispo alertou ainda para o perigo de viver sob o signo do medo “mais nítido ou encapotado”, dado que, “o homem atual tem medo de si mesmo, dos outros, do futuro, da renovação e da mudança de comportamentos”, porque “instalado no seu conforto, olha para os outros com medo que o retirem do seu comodismo”. “É urgente escutarmos a voz que, tal como o Anjo junto dos pastores de Belém, convida a não ter medo e a avançar no caminho que nos leva ao encontro d’Aquele que todos procuram e que não se restringe a uma ideologia, a um projeto mundano ou a uma construção racional ou social”, desenvolveu.
Por fim, D. João Lavrador terminou apresentado a todos os diocesanos, “sobretudo, aos excluídos e marginalizados, aos idosos e aos que sofrem de isolamento e solidão, às famílias, crianças e jovens, aos que sofrem de alguma perturbação”, os votos de um “Santo e feliz Natal”.