A Cáritas Diocesana de Viana do Castelo venceu o Prémio BPI Fundação ”la Caixa” Solidário, que visa “impulsionar projetos a executar em território nacional que promovam o desenvolvimento integral e o processo de inclusão social das pessoas em situação de vulnerabilidade”. Chama-se «Capacita’Mente - Traz clareza à tua mente», e o objetivo principal é “capacitar 36 beneficiários” do concelho, promovendo a saúde mental.
Bruna Silva é assistente social e é a coordenadora do projeto. Trabalhou durante cinco anos na Cáritas Diocesana, e foi aí que se apercebeu da falta de respostas na área da saúde mental, mais concretamente, em Viana do Castelo. “Há mais de um ano que ando a pensar neste projeto”, começou por contar, explicando que o projeto tem a duração de um ano e visa “promover atividades de saúde mental”, seja na área da psicologia, seja na área do serviço social, “para pessoas em situações de pobreza e exclusão social”. “Queremos colmatar esta necessidade trabalhando com pessoas com quadros de ansiedade e depressão”, salientou, descrevendo-o “um programa de prevenção”. “As pessoas mais carenciadas podem pedir ajuda através do Serviço Nacional de Saúde, mas o processo é geralmente demorado e pode nem chegar a tempo”, lamentou, argumentando: “O diagnóstico social de Viana do Castelo, em 2020, refere a falta de recursos na área da saúde mental.”
A jovem de 27 anos, natural de Viana do Castelo, revelou ainda que as consultas serão gratuitas e abrangerão não só os beneficiários da Cáritas, como também outras pessoas. “Embora seja um projeto de duração de um ano, se alguém estiver interessado em financiá-lo, a nossa intenção é continuar a prestar o apoio”, disse, ressalvando: “Há famílias que, mesmo trabalhando, face às despesas que têm, não conseguem pagar uma consulta semanal e então, também podemos apoiar essas pessoas.”
Rita Vieira, natural de Ponte de Lima, é psicóloga e integra a equipa do projeto. “Sinto também esta necessidade de dar resposta mais imediata quando as pessoas pedem ajuda, porque a demora pode agravar a situação, ou a pessoa acaba por não recorrer à ajuda, desistindo”, lamentou, assegurando que, nas consultas de psicologia, as pessoas encontrarão “um lugar seguro para a partilha” porque “só assim se consegue permitir o seu desenvolvimento pessoal”. “Através da psicologia, pretendemos promover o bem-estar e o equilíbrio da pessoa, preparando-a e capacitando-a nos vários domínios: emocional, social, relacional e até em contexto laboral”, salientou.
O projeto integra ainda um conjunto de atividades, desde meditação, desporto e arteterapia. “A Câmara Municipal e o Departamento de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, são dois dos vários parceiros que vão ajudar-nos a implementar estas atividades”, referiu Bruna Silva.
Com entrevistas já realizadas, as duas jovens asseguram que as pessoas estão “recetivas” e “interessadas” em participar. “A nossa expectativa é que haja uma melhoria na saúde mental e que isso seja evidente na pessoa. Ou seja, que ela seja autónoma a nível financeiro, que aumente as suas qualificações profissionais e que haja melhoria no seu bem-estar”, confidenciou, frisando que será definido um plano individual e personalizado para cada beneficiário. “Não é obrigatório que as pessoas frequentem todas as nossas atividades. Elas poderão escolher quais preferem, dentro das suas necessidades”, acrescentou Rita Vieira.
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