São milhares as paróquias portuguesas e cada uma delas tem o seu orago, o seu santo padroeiro, aquele que muitas vezes é também o símbolo festivo e sagrado de uma povoação. Muitos dos santos protetores já vêm de antanho, de há séculos, e misturam-se mesmo com a história de cada terra, numa conexão de difícil explicação.
Veja-se o caso de S. Miguel Arcanjo que aparece ligado à paróquia de Alvarães, quase desde o princípio da nossa nacionalidade, confundindo-se espaço administrativo com a simbologia religiosa do seu patrono. Nos documentos coevos da época medieval, em 1258, já aparece esta bonita simbiose: “no couto de S. Miguel de Alvarães (in cauto Sancti Michaelis d’ Alvaraes)”. E as Inquirições de 1280 falam claramente de S. Miguel de Alvarães.
Portugal tem uma matriz vincadamente cristã que não pode ser negada e que nos identifica e engrandece. Daí podermos contabilizar, no nosso Arciprestado, para além de Alvarães, também as Paróquias de Perre, de Vila Franca do Lima e de Vilar de Murteda, como tendo o Arcanjo S. Miguel como padroeiro. O Arcanjo S. Miguel, que a Igreja celebra a 29 de setembro, é apresentado na Sagrada Escritura como o príncipe das milícias celestes e o defensor da glória do Senhor. Miguel é o anjo do povo de Deus, o seu Defensor nos tempos da angústia. O Papa Leão XIII mandou rezar, no fim da missa, uma oração a S. Miguel Arcanjo para nos proteger no combate contra Satanás e, mais recentemente, o Papa Paulo VI (23.4.1976) constituiu o Arcanjo padroeiro principal dos agentes da Segurança Pública em toda a nação portuguesa.
S. Miguel anda há séculos associado à época das colheitas e a Paróquia de Alvarães celebra em festa litúrgica o seu patrono com dignidade e gratidão. Este ano, mais uma vez, as zeladoras dos altares da Igreja Matriz deram voz ao povo e, com os frutos da terra, fizeram belos arranjos, desenhos geniais e composições artísticas, expressando assim, em beleza, toda a gratidão a Deus pelo dom das colheitas. Serviram-se dos frutos, muitos frutos, como maçãs, espigas de milho, abóboras de imensos qualidades, formas, feitios e tamanhos, cachos de uvas, pimentos, cebolas, romãs, feijão, tremoços e muitas outras variedades de produtos arrancados à terra. De assinalar pela imaginação e graça exposta o ciclo do pão, desde a terra “mãe”, à germinação das sementes, até à farinha e ao pão.
Pelo S. Miguel, como o povo dizia, época das colheitas por excelência, o povo da Paróquia de S. Miguel de Alvarães, na sua Igreja Matriz, com orgulho e sentimentos de fé ao Divino Criador, mostra gratidão pelas dádivas da terra.
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