No mesmo hospital, seu marido continuava recuperando de um acidente gravíssimo que o deixou imobilizado e com um prognóstico muito reservado.
Marido e esposa, casados há 45 anos, sempre unidos nas alegrias e nos sofrimentos, estavam agora internados na mesma “casa”, mas em setores diferentes conforme a especificidade da sua doença. A esposa, porém, estava na reta final da sua vida. Mas ambos se encontravam incapacitados de partilharem juntos, unidos como sempre, este doloroso momento da separação.
Ele, mais consciente, mostrava grande preocupação pelo estado de saúde da esposa pois sabia que ela estava a precisar de apoio e companhia. E nada podia fazer. Era uma situação dramática que confrangia os familiares e amigos. A dor e o sofrimento estão, muitas vezes, para além da dor física, envolvendo todos os que, de coração sensível, se entregam a amenizar a dor alheia e a tornar mais conforme a relação íntima de quem ama.
Foi nesta situação de sofrimento interior que, neste hospital de Viana do Castelo, os seus profissionais, envolvidos por um gesto de ternura, nobreza e pleno de humanidade, se tornaram sensíveis ao dramatismo desta situação. Criaram, por isso, condições para que marido e esposa pudessem, juntos, permanecer unidos na hora crucial da partida, reunindo as duas camas e assim, de mão dada, pudessem sentir a proximidade final. A esposa, companheira sempre fiel, partia. E partiu eternamente reconhecida. Foi um gesto que tocou fundo o coração de todos os familiares, e não só estes, pela grandeza de verdadeiros profissionais da saúde física e psíquica.
Ao Hospital de Viana e a todos quantos participaram nesta derradeira situação de amor ao próximo, vai toda a admiração, reconhecimento e louvor, expresso com um sentido “muito obrigado”!!!
Grandes profissionais, grandes homens e mulheres que experimentam a alegria e a felicidade de corresponder às necessidades dos que mais precisam.