A minha novena de S. Bento

Sou devoto do santo nado em Núrsia. Aquelas terras da Úmbria encantam-me, bem como os nascidos naquela zona, porque parece que viram a luz do dia filtrada pelo arvoredo e pelas montanhas, que parecem retirar a luz e dar àquela terra, ou região, a interioridade de uma catedral românica.

Notícias de Viana
22 Jul. 2022 3 mins
A minha novena de S. Bento

Este ano inscrevi-me, como fazia sempre antes da pandemia, no retiro de julho, organizado pela Diocese de Braga, que habitualmente tinha lugar no Sameiro.

Desta vez, estranhei mandarem-nos para Roriz, Santo Tirso, para a Hospedaria das Irmãs de Santa Escolástica. Tudo bem.Coloquei a terra no GPS e, embora já tivesse passado à porta das referidas irmãs rumo ao Convento de Singeverga, ali a dois passos, queria encontrar o caminho mais rápido. E foi rápido, tanto mais que fui o primeiro a chegar.

Deram-me um quarto simples mas acolhedor, próprio de uma casa deste tipo, e disseram a hora do almoço. Aí encontrei o punhado dos participantes – apenas seis – dos quais conhecia a maior parte, se não todos, menos o conferente, que chegara cedo e que vinha desde a capital, onde é Pároco.

Nada a dizer de negativo, antes pelo contrário, das meditações muito bíblicas, muito oportunas, científica e pastoralmente, tudo documentado.

Gostei. Mas o que mais me agradou foi estar ali, no Mosteiro de Santa Escolástica, com vista para os Irmãos, que ficam a uns quinhentos metros, no seu Convento, rodeado de milheirais e vinhedos, como este em que nos encontrávamos está rodeado de campos agrícolas, todos eles a produzir os legumes, as frutas que se consomem na casa. Tudo biológico.

A novena foi rezar na capela com as Irmãs e, na saída, um tapete com a cara dos dois irmãos santos e gémeos, assistir às trovoadas que vieram na semana e recordar a que não deixou os dois irmãos regressarem ao Convento próprio, mas ficar toda a noite em santo colóquio. 

A novena foi andar pela horta e, de terço na mão, louvar o Criador, e com os Salmos que me afervoraram a rezar, com o opúsculo que há em cada quarto a incentivar à oração salmódica de forma altamente convincente. A novena foi olhar os quadros da casa e ver que, em cada esquina, se fala dos milagres mais que conhecidos do nosso S. Bentinho, ilustrados com texto e pintura.

A novena foi celebrar numas águas-furtadas em sala feita capela, e ver ao longe a serenidade duma paisagem bucólica, que convidava a louvar a Deus. 

E fechei, regressado às origens, indo já noite fazer a reflexão da procissão de velas em S. Bento da Porta Aberta e recordar que os Pastorinhos de Fátima têm uma palavra a dizer, como S. Bento tem para a espiritualidade, no caminho da santidade que eles percorreram bem depressa, e que nós, apesar de termos estradas melhores, parece que andamos menos, porque os semáforos vermelhos nos fazem parar no caminho que leva a S. Bento e no caminho que leva a Deus.

Como esta novena me falou da via verde da santidade, que vale a pena seguir! 

Foi um retiro diferente e uma novena nova.

Terminei a novena no dia da Festa, refletindo com os romeiros sobre esses factos e sobre a Liturgia da Palavra do dia. Porque um retiro também pode ser usado pela gente simples, que vai às romarias.

Como S. Bento, que saibamos, depois da novena, viver o dia-a-dia no convento da vida, com a oração e o trabalho próprio da ocupação de cada um.

Fotografia: Jovens Católicos

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