A Colónia de Viana

Este título vai fazer rir alguns dos nossos leitores, mas os que estudaram no meu já longínquo tempo nos Seminários de Braga, sabem do que falo.

Notícias de Viana
17 Dez. 2020 3 mins
A Colónia de Viana

Em tempo de confinamento, reparei, na minha biblioteca, num livro de capa simpática que tem precisamente este título.

É obra do saudoso Pe. Carlindo Vieira que, para além deste título, deixou vários livros publicados, de fácil e agradável leitura, até porque os romances têm como personagens as figuras castiças das aldeias do Alto Minho, concretamente da Ribeira Lima, pois daqui era natural e onde terminou os seus dias. 

Em tempos mais moços, o Pe. Carlindo deu aulas de Português em Coura e aí fomos colegas de trabalho e de júri de exames.

Os tempos passaram, coordenou o Pe. Carlindo a educação de adultos em Viana e, nesse cargo, veio, a meu convite, fazer algumas conferências à Escola Secundária de Paredes de Coura. Daí o facto de me oferecer algumas das suas obras com dedicatória de amigo.

Ao folhear o “Colónia de Viana”, sem meter talho ou foice em seara alheia, leio com muito cuidado o que o colega Pe. Dr. Parente escreve no Notícias de Viana sobre a nossa Diocese, pois o “Colónia de Viana “ prova que aqui esteve a génese e a ideia da independência da região de Viana da então Diocese de Braga.Quem muito poderá falar disso é o meu amigo Pe. Quintas, o nosso colega Pe. Coutinho, que, aquando da ordenação, parece ter sofrido uns apertetes do Sr. D. Francisco, então Arcebispo Primaz, por, ao tempo, ser uma voz forte da Colónia de Viana.

Mas estas linhas nascem, porque no livro do Pe. Carlindo Vieira, a dado passo, pelos anos 36 do século passado, ele refere o nome dos que, então, eram membros ativos da dita colónia e, entre eles, vem citado o nome de Herculano José Guerreiro, de Paredes de Coura.

Quando eu, menino padre, há cinquenta e um anos atrás, cheguei a Paredes de Coura o Pe. Herculano era o decano, o companheiro, o amigo, e era capelão do extinto sanatório.

Quantas recordações e saudade!

 No ano das minhas bodas de prata, fui visitá-lo, então em estado terminal, ao Hospital de Paredes de Coura, que então existia, e perguntei se precisava de algo, ao que balbuciou:

Saúde…Foi a despedida. 

Lá do céu sorrirá por ter sido membro acérrimo, diz o texto, da Colónia de Viana e da que hoje é a nossa Diocese.

Eu sou de Monção, estudei em Braga, sempre trabalhei nesta região, mas, ao ser consultado, votei contra a criação da Diocese, por questões de cordão umbilical. Hoje votaria a favor, porque “grande nau grande tormenta” … e por outros motivos pastorais.

Também fui membro, naquele canto, da Colónia de Viana, da Patrulha Camões, fui a todos os acampamentos, gosto da gente do Alto Minho, mas continuo a admirar Braga, onde tenho colegas (os melhores já partiram), mas amo a minha Diocese e o seu presbitério e rezo por todos os quatro Bispos de quem fui amigo e colaborador e peço a Deus pelo que virá terminar com a “sede vacante”.

Assim Ele, Menino Deus, em tempos natalícios, nos ajude.

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