Caminha aprova alteração do PDM para permitir construção privada. Oposição vota contra

Em causa está um projeto apresentado por um promotor privado, que prevê a construção de 144 fogos, dos quais 102 a custos controlados e 42 a preço de mercado, numa área atualmente classificada como solo florestal, com mais de 30 mil metros quadrados.

Para o presidente da Câmara, Rui Lages, o projeto responde a “um interesse maior”. “A construção de habitação a custos controlados é uma prioridade para fixar pessoas e responder à procura que temos”, defendeu, assegurando que a intervenção não põe em causa a expansão da zona industrial da Gelfa. “Haverá cedência de terrenos ao domínio público para garantir essa expansão. Estamos a equilibrar interesses: habitação e desenvolvimento económico”, especificou.

A vereadora da oposição, Liliana Silva, classificou a proposta como “um negócio imobiliário encapotado” e alertou para o impacto ambiental da operação. “Estão a entregar mais de 30 mil metros quadrados de floresta a um privado, sem qualquer visão estratégica para o território. Esta mancha verde funciona como barreira natural ao crescimento urbano”, considerou, questionando a legalidade da alteração e acusando o executivo de “fazer um fato à medida” do investidor.

Liliana Silva levantou ainda dúvidas sobre a real acessibilidade das chamadas habitações a custos controlados. “Se uma casa custar 200 mil euros, como se prevê, que família carenciada vai conseguir comprá-la”, questionou, criticando o facto de a Câmara optar por alterações pontuais ao PDM em vez de avançar com uma revisão mais abrangente. “A habitação exige uma visão integrada. Em vez disso, temos decisões avulsas, sem debate sério nem planeamento”, defendeu.

c/ Lusa