2025 será um ano marcado por duas eleições. As legislativas, marcadas para o dia 18 de maio, e as autárquicas, ainda sem data definida.
Atualmente, em Portugal, já conseguimos abrir contas bancárias ou assinar documentos a partir do telemóvel, no entanto, quando chega o momento de votar – o pilar máximo da democracia – continuamos presos ao papel, à urna física e, muitas vezes, a longas filas.
Esta contradição torna-se ainda mais evidente quando pensamos nos portugueses que vivem no estrangeiro. Enfrentam obstáculos absurdos para exercer um direito fundamental. São votos perdidos pelo correio, prazos apertados, moradas desatualizadas e uma burocracia desmotivadora.
O mais curioso é que Portugal já testou o voto electrónico e fê-lo numa altura bastante precoce. Foram feitas quatro experiências, entre 1997 e 2005, com voto presencial e online. Os resultados foram bastante positivos. A adesão foi significativa e, num ponto em particular, mostrou bastante potencial – eleitores invisuais puderam votar sozinhos, de forma autónoma, sem depender de terceiros.
Então porque não avançámos?
Desde 2005 que esta tecnologia não voltou a ser testada nem aplicada. Na Estónia, por exemplo, já é possível votar online desde esse mesmo ano e, em 2023, mais de 50% dos eleitores utilizaram este método, ultrapassando pela primeira vez a votação presencial.
O argumento da segurança já não convence: transacionamos dinheiro online, assinamos documentos, declaramos impostos – tudo com níveis elevados de segurança.
Não se trata de substituir o voto presencial, mas de criar alternativas que tornem o processo mais acessível, inclusivo e ajustado à realidade digital em que já vivemos.
Se a Estónia deu este passo há 20 anos atrás… o que nos impede?
Se confiamos na tecnologia para gerir as nossas finanças, a nossa saúde, os nossos dados, porque não confiar nela para reforçar a democracia?
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