Escuteiros apanharam mais de 300 kg de laranjas para o Banco Alimentar Contra a Fome

Manuel Pereira tem 73 anos. É natural de Ponte de Lima, mas vive em Mujães. É, “há muitos anos”, voluntário na Cáritas Diocesana, e soube desta iniciativa por aqui.

Tem várias laranjeiras no seu quintal que, mais tarde ou mais cedo, iriam perder a fruta para o chão. “Estas iniciativas são muito importantes por dois motivos. Primeiro porque há muitas pessoas necessitadas e é uma forma de angariar alimentos para quem precisa. E, em segundo lugar, a maior parte da fruta que existe nos quintais das pessoas acaba por se estragar, porque cai ao chão, acabando por não ser aproveitada. Isto é uma forma de a aproveitar e evitar que se estrague”, salientou.

Pedro Miranda e Vítor Pereira são candidatos a dirigentes, e acompanharam o grupo de Pioneiros a participar. “Os escuteiros, tanto a nível nacional como a nível local, têm já uma longa história de ajudar em diversas causas de cariz social, nomeadamente a do Banco Alimentar. Por norma, colaboramos na recolha de alimentos aquando das campanhas a nível nacional, mas, quando nos surgiu esta oportunidade, não pudemos recusá-la, principalmente pelo facto de poder proporcionar uma nova experiência de contribuir para o Banco Alimentar, diferente da que eles já conhecem”, explicaram, sublinhando a importância do voluntariado na vida dos jovens. “Acreditamos que fomenta o espírito de entreajuda e preocupação com o próximo, não só agora, mas de forma transversal, nas suas vidas”, afirmaram, acrescentando: “Transmitir esse tipo de valores é uma prioridade nossa, ao mesmo tempo que o fazem em comunhão com a natureza, também um outro pilar importante do Escutismo, em que aprendem a respeitar o meio ambiente que os rodeia.”

A missão do Banco Alimentar é “lutar contra o desperdício, recuperando excedentes alimentares, para os levar a quem tem carências alimentares, mobilizando pessoas e empresas, que, a título voluntário, se associam a esta causa”. No entanto e, segundo o coordenador técnico do Banco Alimentar de Viana do Castelo, João Chantre, “muitas pessoas próximas e não tão próximas, acabam por perceber esta missão e contacta-nos, quando têm produtos diversos, para fazer a recolha”. “Já nos ofereceram nozes, batatas, kiwis e etc.”, especificou, recordando a última colheita de kiwis em Vilar de Murteda, que rendeu 865 kg. “Aquilo que fazemos é preparar uma equipa de voluntários. Neste caso, foi com um grupo de escuteiros de Barroselas e com a equipa local dos Vicentinos”, acrescentou.

João Chantre considerou, ainda, que “há pessoas que desconhecem estas iniciativas fora dos supermercados” devido “à mediatização” das campanhas de recolha de alimentos. “É uma campanha divulgada a nível nacional. Tem um grande impacte.”, afirmou, sublinhando a sua importância. “Mas, o trabalho do dia-a-dia faz-se muito por esta linha da luta contra o desperdício alimentar”, salientou, exemplificando: “Recentemente, recolhemos cerca de cinco toneladas de iogurtes que são doados por uma empresa do Porto que, semanalmente doa iogurtes para o Banco Alimentar. Estes produtos, normalmente, têm uma data de validade limitada que, para o cliente comum, não é conveniente, mas é para nós. Conseguimos distribuí-los na nossa rede, alcançando centenas de instituições do distrito.”

Para os interessados em doar bens alimentares, basta contactar o Banco Alimentar de Viana do Castelo.