Pátria de Migração

José Lago Gonçalves
9 Ago. 2024 3 mins
José Lago Gonçalves

O mês de agosto é sinónimo do regresso dos nossos emigrantes – amigos e familiares – ao seu país e às suas gentes. Num ano em que tanto se tem falado de migrações, talvez importe refletir sobre o caminho que devemos seguir e sobre a postura que devemos adotar.

A diáspora portuguesa, espalhada por todo o mundo, conquistou noutros países a estabilidade que, em tempos, o nosso país não foi capaz de oferecer. Hoje, essa diáspora é uma das maiores riquezas da nossa nação, contribuindo de forma inestimável para a internacionalização da nossa economia e a promoção da cultura portuguesa.

A diáspora portuguesa é, sem dúvida, uma vasta rede global de contactos e influência que facilita a entrada de empresas portuguesas em mercados internacionais. Os portugueses no estrangeiro, ao atuarem como intermediários culturais e económicos, ajudam a reduzir barreiras de entrada e a criar parcerias estratégicas. Além disso, a promoção de produtos e cultura portugueses pelas comunidades emigrantes tem sido um pilar fundamental para a expansão dos mercados de exportação. Exemplos disso são os nossos vinhos, o azeite, a cortiça e até mesmo a gastronomia, que têm ganhado reconhecimento mundial com o apoio da nossa diáspora.

Adicionalmente, muitos emigrantes e luso-descendentes, que acumularam capital e experiência no estrangeiro, estão hoje dispostos a investir em Portugal. Estes investimentos não só ajudam a dinamizar a economia local como também servem de catalisadores para novos investimentos internacionais. 

Fica então a pergunta: tudo isto seria possível se tivessem sido hostilizados e “mandados para casa” pelos países para onde escolheram emigrar? É claro que não. O acolhimento que esses países ofereceram aos nossos emigrantes permitiu-lhes prosperar e, por sua vez, contribuir para as economias locais e também para a nossa.

E, então, nós, que somos um povo que viu grande parte dos seus cidadãos emigrar para todo o mundo, que postura devemos ter quando somos nós o destino escolhido por outros? A resposta é evidente: devemos acolher e ajudar, sem hostilizar ou instrumentalizar. Naturalmente, cumprindo regras, procedimentos e preenchendo requisitos, mas com uma atitude de inclusão e respeito.

Como sociedade e como indivíduos, não devemos adotar uma postura de criação de entraves, mas sim de reconhecimento das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes que hoje chegam a Portugal e da necessidade que vêm colmatar na nossa economia e no nosso tecido empresarial. É essencial que promovamos a integração social e cultural destes novos membros da nossa sociedade, oferecendo-lhes acesso à educação, saúde e habitação, e garantindo que possam contribuir de forma plena e positiva para o desenvolvimento do nosso país.

A imigração não é apenas uma resposta a necessidades económicas imediatas; é também uma oportunidade para enriquecer a nossa sociedade, trazendo novas perspetivas, culturas e competências que podem impulsionar a inovação e o crescimento económico. 

Por isso, tal como outros países acolheram os nossos, cabe-nos a nós acolher aqueles que escolhem Portugal como o seu novo lar.

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