Nadadores-salvadores estrangeiros reforçam vigia das praias 

Mais de trinta nadadores-salvadores estão, entre os dias 18 de junho e 10 de setembro, a vigiar as praias de Viana do Castelo, entre as quais a praia de Arda, em Afife, que é, segundo o presidente da Coordenada Decimal, Rui Cardoso, “muito procurada para a prática de surf”. Nesta época balnear, o município investiu quase 333 mil euros para “garantir a segurança e todas as condições nas praias do concelho”.

Notícias de Viana
21 Jul. 2023 7 mins
Nadadores-salvadores estrangeiros reforçam vigia das praias 

De acordo com a autarquia, a fatia maior vai para a Coordenada Decimal – Associação de Nadadores-Salvadores para a época balnear 2023, no valor global de 261.443 euros com os nadadores-salvadores, e com vista a “garantir a salvaguarda da segurança de utentes e praticantes de desportos náuticos nas águas balneares designadas (de qualidade reconhecida) de Viana do Castelo e em águas com prática balnear conhecida (embora não designada, Rodanho e Argaçosa)”. 

Assim, será salvaguardada a segurança nas praias marítimas e fluviais de Ínsua, Afife, Arda/Bico, Paçô, Carreço, Norte, Cabedelo/Luziamar, Rodanho, Amorosa 1, Amorosa 2, Castelo do Neiva, Argaçosa e Foz do Lima. Será igualmente salvaguardada a segurança dos utentes e praticantes de desportos náuticos nas praias vigiadas e não vigiadas, e garantido um centro móvel integrado de vigilância, socorro e salvamento, que dará apoio/resposta a qualquer solicitação de emergência.

No dia em que se iniciou a época balnear, o presidente da Câmara Municipal, Luís Nobre, vincou a relevância e a responsabilidade dos nadadores-salvadores. O objetivo, revelou o autarca, é que, em setembro, não haja registo de mortes. “A autarquia está a fazer um esforço muito significativo nesta nova época balnear, tanto mais que são cada vez mais os turistas e os vianenses a procurar as praias de excelência de Viana do Castelo”, adiantou. 

A época balnear é, de acordo com o responsável, gerida de forma diferente pelos municípios. Viana do Castelo é um “bom exemplo”. “O país vê com bons olhos o esforço que a Câmara Municipal faz para garantir que nada falhe na época balnear”, garante, enaltecendo as condições oferecidas à sua equipa. 

Dos 33 nadadores-salvadores, oito são estrangeiros. “Fazem épocas balneares em Brasil, Argentina e Portugal”, conta, apontando “a falta de condições”, uma das causas que afasta os jovens portugueses, de um modo especial, os vianenses. “Um jovem que tenha a bolsa de estudo, pode perdê-la se trabalhar no verão e, portanto, opta por não arriscar”, refere, lamentando a falta de nadadores em todo o país. “Se não viessem estrangeiros, era praticamente impossível dar resposta às exigências da época balnear”, atira, acrescentando: “Há muita dificuldade em arranjar nadadores-salvadores. Garantidamente, as condições salariais são superiores às do sul. O que acontece é que, no sul, a época balnear é muito maior e, quem se dedica ou quer dedicar-se à “profissão” de nadador-salvador lá, consegue cinco a seis meses de trabalho. Aqui, o máximo é três, que joga perfeitamente com o período de férias escolares, para quem é estudante.” Para além de estudantes, os restantes são nadadores-salvadores em piscinas ou têm outras profissões que lhes permitem trabalhar em casa ou ter horários mais flexíveis. 

Durante o ano, a Coordenada Decimal promove “mais de 30 ações de sensibilização”, principalmente junto das escolas, e realiza dois cursos com “o mínimo de 15 elementos”. “Os nossos treinos começam antes da época balnear e, mediante as capacidades de cada um, distribuímo-los pelas praias. No entanto, há nadadores que passam de ano para ano. Trabalham o ano inteiro no município de Viana, e são esses os nossos pilares”, salienta. 

Para além da vigia, há ainda todo um trabalho feito semanalmente, como a preparação da mala de primeiros socorros, que se rege por uma lei, e a colocação de placas para sinalizar as zonas perigosas. “Estamos a falar de 14 quilómetros de costa. São treze praias vigiadas, mas ainda há muita zona não vigiada, e os acidentes tendem a acontecer aí numa altura de menor afluência”, alerta, dando nota de que um acidente que aconteça em zona vigiada, será mais simples e fácil do que em zona não vigiada. “Dentro da zona vigiada, os nadadores-salvadores definem as zonas mais propícias ao banho. Obviamente que os utentes podem tomar noutra zona qualquer, mas aquela zona é a mais segura. Eles estão com todos os olhos ali”, explica. 

Cada frente de praia com 100 metros, tem dois nadadores-salvadores. A praia de Arda, em Afife, tem três e uma mota 4×4. “Nesta extensão de areal, num dia de maior afluência em que não haja vento, quase que não se percebe onde começa uma praia e onde termina”, declara, acrescentando: “O número de ocorrências era significativo, ao ponto que tínhamos, também, de tomar conta da zona não vigiada. Eles não são obrigados, mas não vão negar socorro e, por isso, a moto 4×4 previne alguns acidentes nessa zona.” “Os salvamentos são muito menos recorrentes, mas também acontecem”, afirma Rui Cardoso, referindo que parte dos banhistas que frequentam as praias, são estrangeiros. “Muitas vezes, não conhecem a praia e sofrem mais acidentes. No entanto, acredito que as pessoas tendem a estar mais conscientes dos acidentes e tomam as devidas precauções”, considera, reiterando que a Coordenada Decimal desenvolve ações de sensibilização. “Todos os anos são batidos recordes de mortes em meio aquático, o que também tem a ver com o número acrescido de pessoas nas praias”, aponta, recordando que já presenciou mortes, mas “nunca por falta de auxílio de nadadores-salvadores” nas praias vigiadas. “Houve paragens cardiorrespiratórias e, no ano passado, por exemplo, deu à costa um cadáver que, provavelmente, terá caído”, conta. 

A Câmara Municipal transferiu, ainda, para as Juntas de Freguesia, um valor de 37.500 euros para a conservação, requalificação e valorização ambiental dos espaços naturais envolvendo os territórios de praias fluviais e espaços de recreio e lazer através de investimentos na sua preservação, ordenamento das zonas destinadas a estacionamento, qualificação e conservação dos apoios de praia, e criação e manutenção de melhores acessibilidades às zonas balneares. 

Nesta época balnear, foi também definido o alargamento de vigilância de praias e reforço de segurança nas práticas desportivas náuticas, que implica uma parceria com a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo, mediante um projeto piloto que assegura uma unidade de socorro imediato, instalada na Praia do Cabedelo, mas com área de abrangência a todas as praias do concelho, com uma tripulação de dois bombeiros com competências técnicas de socorro, e uma ambulância de socorro equipada com todo o equipamento descrito no regulamento de transporte de doentes urgentes e não urgentes, e ainda desfibrilhador automático externo (DAE), o que implica um apoio de 8.500 euros mensais à associação, durante o período oficial da época balnear. 

Neste contexto, foi também celebrado um protocolo de colaboração entre o município e os titulares de títulos de licença ou concessão de utilização dos recursos hídricos para ocupação do domínio público marítimo, e ainda proposta a celebração de contrato de comodato para utilização de moto 4×4, propriedade do município, que será utilizada pela Coordenada Decimal.  

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