Morte de quatro jovens questiona segurança rodoviária  

No fim de semana dos dias 13 e 14, segundo os dados provisórios da sinistralidade disponíveis no site da GNR, aconteceram 361 acidentes, que causaram nove mortos, 14 feridos graves e 133 ligeiros. O acidente com mais vítimas mortais ocorreu, no domingo, na sequência de um despiste de um veículo ligeiro que se incendiou em Melgaço, no distrito de Viana do Castelo, que causou a morte a quatro jovens, três no local e outro que morreu a caminho do hospital. Afinal, como está a segurança rodoviária no Alto Minho?

Micaela Barbosa
19 Jul. 2024 5 mins
Morte de quatro jovens questiona segurança rodoviária

No dia 14, quatro jovens, com 18 e 19 anos, morreram, num despiste em Melgaço. De acordo com uma fonte da GNR, citada pela Lusa, o veículo ligeiro despistou-se na Estrada Municipal 202, acabando por colidir com uma árvore.

Segundo o Jornal de Notícias, o acidente “aconteceu em contexto de uma brincadeira”. “O desafio passava por acelerar o carro numa estrada secundária com pouco trânsito, nas imediações do parque de Campismo de Lamas de Mouro”, pode ler-se.

Os jovens estavam num encontro de amigos (com outros 25 a 30 jovens) que costumavam realizar no parque de campismo de Lamas de Mouro. Todos são naturais da zona de Melgaço. No carro, seguiam seis jovens.

Este mês, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) revelou que, nos primeiros três meses do ano, registaram quase 8.000 acidentes, que provocaram 103 mortos e 513 feridos graves. Face ao mesmo período de 2023, estes dados indicam um aumento em todos os indicadores.

Segundo o relatório de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária, de março de 2024, nos três primeiros meses do ano, face ao período homólogo de 2023, verificou-se um aumento no número de acidentes em 12 dos 18 distritos. Viana do Castelo é um deles com +18,0%. No entanto, quanto à sinistralidade mais grave, a capital do Alto Minho desceu -40,9%.

Já os dados do boletim dedicado aos transportes, divulgado, em 2023, nos Anuários Regionais do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que houveram 829 acidentes de viação com vítimas no Alto Minho, dos quais 52 aconteceram em autoestradas e 284 em estradas nacionais.

No que diz respeito ao número de vítimas, o Alto Minho registou 1089 vítimas, das quais 86 aconteceram em autoestradas e 403 em estradas nacionais. O número de mortos foi 18, feridos graves 64 e feridos ligeiros 1007.

Viana do Castelo foi o concelho com mais acidentes e vítimas. Segue-se Ponte de Lima com 150 acidentes e 211 vítimas, e Arcos de Valdevez com 70 acidentes e 86 vítimas.

A PSP do Comando Distrital de Viana do Castelo, que tem sob a sua responsabilidade as freguesias de Darque, Areosa, Santa Maria Maior, Monserrate e Meadela, do Concelho de Viana do Castelo, informou que, “no ano de 2024 (até junho inclusive), registaram-se 273 acidentes, 84 acidentes com feridos, todos com ferimentos leves, num total registado de 94 feridos”. “Desde o início do ano destaca-se a Estrada de Santa Luzia com 19 acidentes”, especificou.

O comandante distrital, Rui Manuel de Almeida Conde, deu ainda nota que “os acidentes rodoviários, na sua maioria, ocorrem devido a falha humana, nomeadamente manobras incorretas, distração, velocidade excessiva”. “Ao longo do ano, são realizadas diversas ações de fiscalização, no âmbito de Plano Anual de Fiscalização, para as diversas temáticas como velocidade, álcool, uso indevido de telemóvel, uso de dispositivos de segurança, e para a condução de veículos de 2 rodas. Acresce-se outras operações, como a que atualmente está em vigor, nomeadamente, “Verão Seguro”, que se realiza de 15 de junho a 15 de setembro, entre outras fiscalizações e ações de sensibilização esporádicas, que se realizam ao longo do ano, com o intuito de punir e dirimir comportamentos inadequados aquando da condução de veículos rodoviários, e sensibilizar para as suas consequências”, acrescentou.

Já a GNR, na sua área de responsabilidade, através do Comando Territorial de Viana Castelo e até ao dia 18 de julho de 2024, registou 1554 acidentes, dos quais resultaram oito vítimas mortais, 46 feridos graves e 535 feridos leves. “O concelho de Viana do Castelo foi o que registou um maior número de acidentes, com 322 acidentes, seguido de Ponte de Lima com 238 e Valença com 175, sendo que os arruamentos são as vias onde ocorre o maior número de acidentes, nomeadamente dentro de localidades, seguidos das estradas nacionais e das autoestradas”, indicou o tenente coronel, Rui Ângelo Rosa de Brito.

Em resposta ao Notícias de Viana, o Comando frisou ainda que “continua o reforço de implementação de ações de sensibilização, direcionadas para a comunidade, relativamente aos fatores de risco do ambiente rodoviário e das medidas que devem ser implementadas para os mitigar”. “A GNR tem implementado um patrulhamento de visibilidade e intensivo em determinados locais. E, por outro lado, também têm sido realizadas várias operações de fiscalização visando a diminuição de comportamentos de risco, os quais concorrem para a diminuição da segurança rodoviária”, acrescentou.

Nos três primeiros meses do ano, metade do número de vítimas mortais ocorreu na rede rodoviária sob a responsabilidade das Infraestruturas de Portugal (40,8%) e da Brisa e Ascendi (4,9%, cada). Relativamente ao Alto Minho, o relatório anual de sinistralidade a 24 horas, de fiscalização e contraordenações, de janeiro a dezembro de 2023, mostra que os acidentes com vítimas mortais estão à responsabilidade dos Municípios de Caminha (EM552), Ponte de Lima, Melgaço (Rua do Campo), Monção (Rua do Outeiro e Rua da Poça), Valença e Viana do Castelo (Rua de João Pires, Rua do Paço e AV da Estrada Real), das Infraestruturas de Portugal (A3, EN307, EN203, EN201, IC28 e EN202) e da Concessão Norte Litoral (A27).

(notícia atualizada a 02-08-2024)

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