In Memoriam: Mons. Avelino Felgueiras Marques

Faleceu o Meu Exemplo Conheci-o em outubro de 1957, jovem sacerdote, recém ordenado nas férias grandes anteriores e nomeado, já na minha ausência, a começar os primeiros passos de Seminário, para Pároco da minha aldeia de S. João da Portela, que então estava anexa – linguagem da época – a Barroças e Taias. Visitou-me no […]

Notícias de Viana
23 Fev. 2024 3 mins
In Memoriam: Mons. Avelino Felgueiras Marques

Faleceu o Meu Exemplo

Conheci-o em outubro de 1957, jovem sacerdote, recém ordenado nas férias grandes anteriores e nomeado, já na minha ausência, a começar os primeiros passos de Seminário, para Pároco da minha aldeia de S. João da Portela, que então estava anexa – linguagem da época – a Barroças e Taias.

Visitou-me no Seminário Menor; foi apresentação mútua.

Depois cresci, acompanhou-me como Pároco até ao terceiro ano de Teologia, em que foi nomeado para Troviscoso.

Na ida a Trovisco, recebido com pompa e circunstância nos anos sessenta do século passado, chorei baba e ranho. Perdia, pensava, um amigo próximo.Depois da minha ordenação, a amizade cimentou-se.Os dois percorremos percursos académicos a par com as funções sacerdotais.Ele licenciou-se em Clássicas na Universidade de Coimbra. Eu andei por outras paragens em curso semelhante. Foi professor, primeiro no Colégio de Monção, depois na Escola Secundária da mesma terra.

Mas a nossa amizade era nas funções sacerdotais em visitas frequentes e no Grupo Alto Minho, com gente das suas Paróquias – as diferentes que teve para além de Troviscoso: Mazedo, Longos Vales e Lara.

Neste grupo fazíamos viagens.

No seu calvário, até pelas freguesias diferentes que muito o estimaram e a amizade foi recíproca, quando deixou uma – Mazedo – foi amenizar o desgosto e saudade para umas ilhas de onde me mandou um postal com um Cantiga de Amigo, em que era perito, dizendo:

“E eu no degredo,

Com saudades de Mazedo,

Recordo o Amigo.

Que sei que está comigo!”

Os dois sabíamos porquê.

Foi meu exemplo de obediência aos superiores.

Foi meu exemplo de homem de oração. Ainda padre menino, não se afastava da igreja, em dias de semana, antes da sua longa ação de graças, feita de joelhos.Foi meu exemplo de zelo paroquial, de retidão, de amigo do seu amigo.

Percorremos juntos, primeiro com mais dois sacerdotes e depois com eles ou com um grupo das nossas comunidades e não só, vários recantos do mundo ligados a santuários, ou lugares bíblicos ou históricos.

Na oração da manhã, no terço a Nossa Senhora, rezado em conjunto como grupo, achei que este grupo foi, e ainda é para mim, mais uma Paróquia por uma semana ou dez dias, uma vez por ano.Aprendi muito disto com o Pe. Avelino.

Na véspera da sua partida para o Pai, acarinhado pelo mimo da Teresa e do Zeca, estive na casa destes para um último aperto de mão. Já pouco lúcido, foi com mágoa que lhe disse o último adeus na Terra!

Descansa em paz, amigo.

Obrigado pelo teu exemplo. Tiveste a morte que merecias, do muito que semeaste. No meio da dor que – via-se – suportavas com resignação, mas acarinhado por aqueles que eram a tua gente, ias-te afastando.

Rezamos por ti e sabemos que não nos esquecerás.

Tags Opinião

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias