Encontro Diocesano de Liturgia reforça repto para a criação de Equipas Arciprestais

Mais de 800 agentes pastorais, de 161 paróquias dos 10 arciprestados da Diocese de Viana do Castelo, participaram no 47º Encontro Diocesano de Liturgia. Sob o mote “A Liturgia constrói a comunidade

Micaela Barbosa
18 Fev. 2025 6 mins

Com o auditório cheio, D. João Lavrador lembrou a temática do Ano Pastoral 2024/2025 – “Ser comunidade à maneira dos Apóstolos. Evangelização de portas abertas” -, convidando os fiéis a focarem-se no “essencial”. “A força da igreja está na comunidade”, afirmou, considerando que “a comunidade está em mudança” e, por isso, “exige a busca de novos ministérios”. “A configuração das comunidades partem da eucaristia”, salientou, reforçando: “Onde há eucaristia, há comunidade.”

“Não há vida cristã que não seja inserção em vida comunitária”

A primeira conferência, sob o tema “O espírito comunitário à luz dos discípulos de Emaús”, ficou a cargo do cardeal Manuel Clemente, que descreveu a eucaristia como “um momento de excelência e envolvência entre todos”. “Cristo não é privatizável. A Assembleia não é privatizável”, afirmou, frisando que “a conversão permanente requer atenção e esforço”. “Reconhecer a novidade cristã é estar com os outros. E, neste sentido, devemos ver a nossa liturgia como grande ocasião da experiência do ressuscitado”, acrescentou, alertando dos riscos quando se tentar “converter a liturgia aos ritmos” de vida de cada um.

O cardeal assentou ainda que “é preciso compreender que o que é próprio do cristianismo, dentro das ofertas religiosas, é a aceitação daquilo que Jesus Cristo diz sobre uma vida partilhada”. “Não há vida cristã que não seja inserção em vida comunitária”, afirmou, sublinhando para a importância do acolhimento das famílias. “A vida comunitária faz o cristão e a comunidade refaz a sociedade”, acrescentou. 

“(…) é preciso estar próximo, ter empatia e acolher”

Joaquim Dionísio, Bispo auxiliar do Porto, abordou o tema “Do ‘EU’ do mundo ao ‘NÓS’ de Deus” e frisou a importância da missão da comunidade que “se faz com o testemunho”. “É preciso que cada um esteja consciente da sua missão, a disponibilizar os seus dons, contribuindo para a edificação de ‘NÓS’, que é sempre mais enriquecido quando a diversidade se encontra”, disse.

Caracterizando a sociedade atual, D. Joaquim Dionísio alertou para o “individualismo” e “narcisificação”, frisando para uma comunidade, onde se deveria “preservar o amor como norma, a unidade  como algo que acompanha e a diversidade como fundamental para que ninguém se sinta excluído”. “O Papa Francisco apela para uma comunidade que se caracteriza pela escuta e, para isso, é preciso estar próximo, ter empatia e acolher. E, por isso, um dos maiores desafios das comunidades é a capacidade para acolher e tornar visível a empatia, levando o outro a sentir-se em casa quando está com os cristãos”, apontou.

“(…) poderia ser uma forma de acompanhar os mais frágeis”

Susana Afonso pertence à paróquia de Amonde (Viana do Castelo) e foi instituída Ministra Extraordinária da Comunhão (MEC). “O convite foi lançado pelo meu pároco. Aceitei, primeiramente, porque o meu marido é mordomo da cruz e, ao acompanhá-lo, apercebi-me que poderia ser uma forma de acompanhar os mais frágeis, de modo especial, os doentes. Não só levar-lhes Jesus Cristo, como também fazer-lhes companhia, escutar e conversar”, disse, considerando a formação “muito importante” para a sua missão.

De Santa Marta de Portuzelo (Viana do Castelo), Eduarda Oliveira participa ativamente na paróquia e decidiu participar para “criar unificação e enriquecer o conhecimento”. “Lembro-me dos meus pais participarem nestes eventos que os ajudava e contínua ajudar muitos outros a conhecer e, sobretudo, perceber o porquê das coisas”, contou, sublinhando para a importância da origem e da sua contextualização. 

O Pe. Manuel Pinto, administrador paroquial de Chafé, incentivou quase uma dezena de paroquianos a participar porque considera ser importante fazer um “refresh” sobre “algumas questões” que, “por vezes, são conhecidas, mas não se conhece as suas origens e razões”. “Espero que esta formação ajude a levar sangue novo para as comunidades, motivando-as a apresentar novas propostas e a consciencializando-as de que a Igreja é o Povo Santo de Deus, constituída por sacerdotes e leigos”, afirmou, realçando: “Um outro fator que se falou ao longo deste encontro é que hajam pessoas preparadas para dinamizar a celebração dominical, na ausência do sacerdote”.  

“É urgente este encontro com Cristo”

O encontro culminou com a eucaristia, que foi presidida pelo Bispo diocesano. “É na ressurreição de Jesus Cristo que tudo começa e se renova”, disse na homilia, convidando os participantes a serem “peregrinos da esperança”. “Um dos problemas nas nossas comunidades é que não temos cristãos decididos. Aliás, temos, só que não é em número suficiente, capaz de imprimir força, vitalidade, capaz de enfrentar o mundo em que estamos e de dar razões da sua esperança. E, por isso, é urgente este encontro com Cristo, que motive para um ser cristão decidido”, acrescentou.

O prelado apelou ainda ao sentido de “fraternidade” e ao “amor ao irmão”. “O caminho do encontro com Cristo é um caminho que há-de ser fermento para o outro”, referiu, concluindo: “Pertence-nos ser verdadeiramente mensageiros, apóstolos e, ao mesmo tempo, orientadores.”

Durante a eucaristia, foram instituídos novos (MEC’s e, no final, foi lido o decreto de nomeação do novo Secretariado de Liturgia, que é composto pelo diretor, Pe. Tiago Alexandre Rodrigues; vice-diretor, Pe. Renato Filipe da Silva Oliveira; Ricardo Fernandes de Sousa coordenador do Departamento para MEC’s e Ministros da Palavra tem como coordenador; Juliana Fernandes Baptista, coordenadora do Departamento para os Acólitos; Paulo Alexandre Barros Ferreira, coordenador do Departamento para Leitores e formação Bíblica; Pe. Tiago Alexandre Rodrigues, coordenador do Departamento para Música Sacra e Concertos nas Igrejas; Pe. Renato Filipe da Silva Oliveira coordenador do Departamento para as Celebrações Diocesanas; Jorge Luís Neves da Costa Pereira coordenador do Departamento para outros Ministérios ligados à Liturgia (Zeladores; Agências funerárias; Fotógrafos; Floristas); Pe. João Paulo Torres Vieira como conselheiro; Jorge Luís Neves da Costa Pereira como secretário e José Miguel Rocha Martins Nunes como tesoureiro.

Deixando uma palavra de gratidão “a todos”, o Pe. Tiago Rodrigues pediu, especialmente, aos sacerdotes para criarem as equipas arciprestais de Liturgia que dinamizaram a ação litúrgica. “Já temos algumas equipas a funcionar e a serem constituídas, mas queremos chegar aos dez arciprestados para, mais tarde, chegar às paróquias”, referiu.  

Para além da Diocese de Viana, estiveram ainda presentes agentes pastorais da Arquidiocese de Braga e da Diocese do Porto.

Tags Diocese

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias