Se andaram distraídos nos últimos tempos, deixem-me pôr-vos a par de um fenómeno muito peculiar que invadiu as redes sociais e até os noticiários. A Mercadona, a cadeia de supermercados espanhola que tem conquistado os corações e as carteiras dos portugueses, foi palco de um curioso golpe de marketing. Parece que, ao colocarmos um ananás no carrinho de compras, estávamos a enviar um sinal subtil de que estávamos… digamos, “à procura de companhia.” Sim, é verdade! Um simples ananás a rodopiar no cesto das compras tornou-se o cupido disfarçado do século XXI.
Teorias à parte, e depois de nos rirmos desta inusitada situação, ponhamos a seguinte questão: e se colocássemos um ananás na Igreja? E não estou a falar de uma campanha de frutas exóticas no ofertório mas sim de usarmos esta ideia tão moderna e viral para cativarmos mais pessoas a seguir Jesus, participar nas atividades paroquiais e, quem sabe, encher os bancos da Igreja que ultimamente parecem um pouco desertos…
Imaginem este cenário: à entrada da Igreja, em vez do habitual boletim paroquial, temos um ananás vistoso, bem maduro e a brilhar, como quem diz: “Aqui há algo que te interessa!”. Será que isto funcionaria? Será que os paroquianos mais tímidos, aqueles que arranjam sempre desculpas para não se inscrever nos grupos e movimentos, de repente achariam irresistível a ideia de seguir Jesus por causa de um simples ananás?
Bom, se a Mercadona já conseguiu, porque não a Igreja? Não seria espetacular se o ananás se tornasse o novo símbolo de convite a conhecer Jesus, a participar na catequese ou até a fazer parte da comissão de festas? Imaginem o jovem que, no meio da sua indecisão espiritual, vê o ananás no altar e pensa: “Olha, talvez seja este o sinal que eu estava à espera para me envolver mais!”. Porque sejamos honestos, por vezes, as formas tradicionais de comunicar com as pessoas, especialmente as mais jovens, ficam aquém das expectativas. Um cartaz na porta da sacristia com os dizeres “Procura-se voluntários para a catequese” já não tem o mesmo impacto que teria um ananás bem fresquinho a piscar-lhes o olho.
E é aqui que o nosso amigo tropical entra em cena. O ananás, com a sua cor vibrante e presença marcante, poderia servir de estímulo para uma nova era de evangelização. Claro, não estou a sugerir que troquemos as Bíblias por ananases mas podemos admitir que a Igreja tem, em certos casos, dificuldade em cativar novos membros. O ananás seria uma espécie de ícone, um “emoji” da vida real e atual que transmite uma mensagem clara: “Estás convidado! Não tenhas medo, a porta está aberta!”. Afinal, se funciona no supermercado para quem procura amor, porque não funcionaria na igreja para quem procura a fé?
Agora imaginem isto: o Grupo de Jovens da paróquia decide fazer uma atividade e, em vez de pendurarem os habituais cartazes, fazem algo mais ousado. Espalham ananases pela freguesia, com uma pequena mensagem: “Se queres encontrar um propósito maior, segue o ananás!”. Convenhamos, já vimos estratégias piores para atrair a atenção.
E não ficamos por aqui. Cada movimento da paróquia – seja a catequese, o grupo coral, a conferência vicentina ou até a comissão fabriqueira – poderia adotar o seu ananás. Poderiam organizar eventos com o tema: “Encontrar Jesus e o Ananás.”. E por que não? O que custa tentar? O mercado da fé está competitivo, meus caros! Se há quem organize concertos de rock durante as missas, por que não um pouco de humor frutado? Afinal de contas, a criatividade também é dom divino.
Ora bem, já estou a vê-los aí a levantar o sobrolho e a perguntar: “Mas isto resulta mesmo? A sério que um ananás vai fazer alguém aproximar-se mais de Deus?”. Claro que não estou a dizer que é o ananás que converte as pessoas. Mas se a fruta serve como um símbolo para algo maior – como o convite para se juntar à comunidade, participar mais ativamente na vida da Igreja, ou até simplesmente quebrar o gelo – então vale a pena a tentativa. Afinal, Jesus também usou metáforas simples e eficazes para transmitir as suas mensagens. Se Ele falou de sementes de mostarda, nós podemos perfeitamente falar de ananases. No fundo, a ideia é a mesma: usar algo do dia-a-dia para apontar o Caminho para algo muito mais profundo.
A realidade é que a Igreja precisa, mais do que nunca, de novos símbolos e formas de cativar as pessoas. Numa sociedade onde tudo é rápido, descartável e visual, por que não tentar um pouco de humor e inovação? Se há quem se aproxime do Evangelho através de filmes, músicas ou até tatuagens com versículos, por que não através de um ananás?
Portanto, minha gente, se virem um ananás na entrada da Igreja da vossa freguesia, não fiquem surpreendidos. É sinal que estamos a tentar algo novo, algo fresco. Um ananás pode não ser o caminho para o Céu mas pode muito bem ser o primeiro passo para atrair quem precisa de uma razão para entrar na Igreja e, quem sabe, ficar por lá.
Por isso, coloquem um ananás na Igreja, por favor! Precisamos deles, mais do que nunca.
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