Vila Nova de Cerveira está a crescer e pode continuar, mas se houver políticas para isso

Um estudo da Universidade do Minho mostra que Vila Nova de Cerveira está a contrariar a tendência nacional de declínio populacional. Em três anos, o concelho ganhou cerca de 500 habitantes. A população residente passou de 8.812 em 2017 para 9.425 no final de 2024, com uma taxa média de crescimento de 1,55% ao ano. O saldo migratório explica grande parte desta evolução, com uma média de cerca de 200 entradas líquidas por ano entre 2021 e 2024.

Micaela Barbosa
14 Jul. 2025 3 mins

Os dados constam do estudo “Diagnóstico Demográfico e Projeção da População no Município de Vila Nova de Cerveira”, da autoria de José Cunha Machado, docente e investigador da Universidade do Minho. O documento foi apresentado publicamente no Dia Mundial da População.

Para o investigador, o concelho é “boa exceção no contexto nacional”, onde predominam os sinais de envelhecimento e perda populacional. “Há sinais positivos a nível de crescimento e de estrutura populacional, como por exemplo, o crescimento da população jovem ativa e uma boa recuperação do índice de potencialidade”, afirmou.

O estudo mostra que o índice de renovação, que compara jovens adultos (20-29 anos) com os pré-reformados (55-64 anos), passou de 72,5 em 2018 para 80,6 em 2024. O índice de fecundidade também está a recuperar, com 1,46 filhos por mulher em idade fértil no último ano, acima dos 1,29 registados em 2022.

Outro dado relevante é o crescimento da população estrangeira. Os residentes com estatuto legal passaram de valores próximos dos 3% (até 2019) para 10,8% em 2024. Destes, cerca de 86% são oriundos de países fora da União Europeia, o que evidencia um padrão migratório mais diversificado e estrutural.

Apesar da evolução positiva, o futuro demográfico de Vila Nova de Cerveira está longe de garantido. O estudo apresenta três cenários distintos para 2055. No pior cenário, sem imigração, a população poderá cair 20% e voltar abaixo dos oito mil habitantes. Com políticas migratórias consistentes, o número poderá subir para 10.500 habitantes. No cenário mais otimista, o concelho pode atingir os 12 mil habitantes, valor semelhante ao registado há cem anos. “O movimento migratório é o único elemento que pode fazer mexer os municípios, e despoletar políticas mais incisivas”, sublinha José Cunha Machado, acrescentando: “Durante os próximos 10 anos, Vila Nova de Cerveira conseguirá manter os valores reais atuais apresentados; depois, dependerá do que a população quer e das medidas implementadas”.

Para a vice-presidente da Câmara Municipal, Carla Segadães, o “retrato é encorajador, mas exige ação contínua”, defendendo a consolidação de políticas em áreas como habitação, saúde, educação e cultura, para manter a atratividade do concelho. “Queremos que os nossos jovens fiquem no concelho, e conseguir atrair mais casais jovens; queremos proporcionar um envelhecimento ativo; e não podemos descurar os movimentos migratórios de forma a torná-los efetivos no concelho”, referiu.

Fotografia – CIM Alto Minho

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