Adriana Temporão é, novamente, a cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda (BE) pelo distrito de Viana do Castelo nas próximas eleições legislativas de 18 de maio. Natural de Valença, dirigente distrital e nacional do BE, é doutorada em Ciências Biomédicas na área da Parasitologia e, atualmente, trabalha na área dos ensaios clínicos.
Notícias de Viana (NdV): Tendo em conta todo o processo até à queda do Governo, o que poderia o Bloco de Esquerda ter feito para evitar eleições antecipadas?
Adriana Temporão (AT): A responsabilidade de estarmos em eleições não foi propriamente do Bloco de Esquerda. Fomos muito honestos em relação à nossa posição, caso uma moção de confiança fosse apresentada. O Governo decidiu apresentar uma moção de confiança sabendo, à partida, que seria chumbada. Portanto, foi decisão do Governo.
(NdV): Recentemente, numa entrevista, Mariana Mortágua destacou que o Bloco de Esquerda tem o grupo parlamentar mais jovem e que a renovação do partido é uma prioridade, mas também frisou a importância de manter figuras históricas como Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda no Parlamento. Como vê esta dinâmica entre renovação e continuidade?
(AT): É sinal de que o partido está vivo. Enquanto jovem, é muito bom ter os fundadores na campanha e aprender com eles.
Um partido vivo e saudável vai dando espaço aos mais jovens, sem nunca descuidar os mais velhos, fazendo passar os conhecimentos e as vivências de uma geração para outra.
(NdV) Mas isto também não mostra que a geração mais nova falhou?
(AT): Não, acho que não. Aliás, mostra a necessidade de irmos todos à luta, mais velhos e mais jovens, e de aprendermos todos uns com os outros, tornando o partido mais forte. Todos temos um papel a desempenhar.
(NdV): À Sic Notícias, a líder do Bloco de Esquerda alertou para uma “injustiça social”, em que há “milionários cada vez mais milionários”. Quais são as propostas do partido para combater a desigualdade salarial e garantir melhores condições de vida para as famílias, nomeadamente do Alto Minho, que enfrentam dificuldades semelhantes?
(AT): A proposta que tem sido mais debatida pelo BE é a dos tetos às rendas. Neste momento, a habitação é um fator de desigualdade e, no distrito, temos visto as rendas a aumentar. Monção, por exemplo, foi o concelho, a nível nacional, que mais aumentou as rendas (44%). Portanto, também aqui, no Alto Minho, começámos a viver o drama da habitação que se sente nas outras regiões e nos centros urbanos.
Além da habitação, também defendemos os direitos dos trabalhadores, nomeadamente daqueles que trabalham por turnos, o que se vê que tem grandes consequências para a sua saúde física e mental. Portanto, temos um vasto leque de propostas para equilibrar estas desigualdades. Também defendemos que é necessário taxar os ricos para dividir/redistribuir a riqueza.
(NdV): Concretamente para o Alto Minho, nestas áreas em que falou, quais são as propostas do BE?
(AT): São as medidas que já existem no Programa Nacional, por exemplo: propostas para o Estatuto do Trabalhador Transfronteiriço, para qualificar
Torne-se assinante e tenha o poder da informação do seu lado.
Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.
Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.