Ao longo das últimas décadas, as empresas revelam maior preocupação e consciência sobre os problemas ambientais causados pelo modelo de negócio tradicional. No entanto, as ondas de calor, as inundações, as secas e a poluição dificultam os esforços para a sustentabilidade, que é vista como “uma oportunidade estratégica”.
Em 2022, o Jornal de Negócios noticiou que, segundo o 1º Relatório do Observatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nas Empresas Portuguesas, levado a cabo pela Católica Lisbon School of Business & Economics, “as empresas portuguesas estão cada vez mais alinhadas com a sustentabilidade, mas não sabem como implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas suas estratégias”. “A principal dificuldade que as empresas têm na implementação dos ODS é perceber como podem operacionalizar esta agenda, porque é uma agenda muito vasta, são muitos objetivos e, por vezes, não é a linguagem que as empresas estão habituadas a usar. E esta barreira é comum às grandes empresas e às pequenas e médias empresas”, explica Filipa Pires de Almeida, responsável pelo relatório e subdiretora do Center for Responsible Business and Leadership da Católica Lisbon School of Business & Economics, que realizou o estudo em parceria com a Fundação BPI “la Caixa” e a Fundação Francisco Manuel dos Santos, citada pelo jornal.
Cristina Melo Antunes, que trabalha para a Green Finance Santander, reconhece a importância da sustentabilidade no mundo, como defende que “é benéfica a vários níveis”, principalmente, na forma de negócio. “O objetivo de abraçar modelos de negócio mais sustentáveis visa criar valor”, afirmou, explicando: “Ou seja, pretende mudar a forma como trabalhamos na economia linear, que foi inventada pela Revolução Industrial, em que vamos buscar recursos, produzimos e deitamos fora, para uma economia circular em que todos os recursos que utilizamos são, de alguma forma, reintroduzidos na economia. Com isso, cria-se valor. Fica mais barato.”
A representante do Santander admite que “a sustentabilidade exige investimento, mas como exige inovações tecnológicas e a inteligência artificial”. “Precisamos de um mundo com biodiversidade, conseguindo que ele se regenere e continue a reproduzir, temos de alterar como fazemos as coisas”, garantiu, defendendo a economia circular. “Não há nada que seja 100% insustentável. Tenho de alterar a forma como uso os recursos”, acrescentou. No entanto, nesta matéria, de acordo com o Jornal de Negócios, a propósito do ciclo de Talks e de conteúdos editoriais em Portugal em matérias de Sustentabilidade, em 2022, Portugal ainda está “muito atrasado, com taxas de circularidade a rondar os 2%, uma das mais baixas da Europa”. “O “Circularity Gap Report 2022” dá conta de que a economia linear consome atualmente cerca de 100 biliões de toneladas de materiais e desperdiça mais de 90% destes recursos, cifrando-se o nível de circularidade nos 8,6%”, pode ler-se.
Cristina Melo Antunes reforçou, ainda, que a economia circular representa uma “revolução” que visa “tornar a forma de trabalhar mais sustentável”. “Quando falamos de neutralidade carbónica, não estou a dizer que temos de acabar com os gases. Aquilo que produzo tem de estar equilibrado com aquilo que consigo absorver do planeta”, frisou, alertando para a necessidade de adaptação do que está a acontecer para “continuar a viver com qualidade de vida”. “A sustentabilidade é uma forma de ver as coisas, percebendo que estamos num planeta que tem as suas limitações e cabe-nos respeitar”, acrescentou.
Para as empresas que querem apostar na sustentabilidade, a representante deixou alguns conselhos. “Primeiro, é preciso que a empresa tenha um propósito. Depois, analise como atingi-lo e, quando for definir as suas estratégias de investimento e atuação, tem de sempre considerar o ângulo do ambiente, social e de governança”, apontou, sublinhando a importância de planeamento em cada uma das áreas. “Assim, conseguirá diferenciar-se, seja pelo produto, pelo preço ou pela forma de estar”, assegurou, acrescentando: “O lucro é importante e essencial, mas tenho de ter um valor para além disso, conseguindo reter talento e criar valor na forma como utilizo os meus recursos.”
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