Síntese sinodal aponta a várias frentes de renovação

A síntese sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reconhece uma Igreja “em declínio social” e lamenta que esta não tenha sabido “utilizar a força transformadora do Evangelho numa oportunidade de conversão social, valorizando uma cultura humanista”.

Notícias de Viana
9 Set. 2022 3 mins
Síntese sinodal aponta a várias frentes de renovação

O documento, fruto da auscultação de diferentes sensibilidades, pede acolhimento “a todos”, exclusão de “atitudes discriminatórias à comunidade LGBTQIA+ e divorciados recasados”, “independentemente da sua vida afetivo-sexual”, e continuação da prática sinodal, para que a Igreja se torne “relevante” socialmente. No mesmo sentido, denuncia uma “atitude demasiado hierárquica, clerical, corporativa, pouco transparente, estagnada e resistente à mudança, que prioriza a manutenção da sua imagem ao invés de preservar a segurança da sua comunidade”.

A síntese, “enviada para a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos dentro dos prazos previstos”, foi elaborada a partir das sínteses das Dioceses, grupos e movimentos”, e demais pessoas que se sentiram “interpeladas por esta dinâmica” e que, “de forma direta ou indireta, foram questionados e acederam ao desafio, sem medo nem complexos”, resultando num claro desejo de uma “Igreja renovada, mais amiga dos necessitados, mais santa e mais evangélica, que propicie o envolvimento de todos”.

O documento fala em “pouca” disponibilidade para “discutir de forma aberta e descomplexada a possibilidade de tornar opcional o celibato dos sacerdotes e a ordenação de homens casados e das mulheres”, assinalando estar ainda “muito presa a um modelo teórica e doutrinalmente assente numa conceção tradicional e assimétrica, que concebe o humano a partir do masculino”.

“Uma Igreja que não considera as mulheres em igualdade com os homens na missão, sendo ambos batizados e, portanto, discípulos, e que é pouco aberta à atualização dos rituais e da linguagem litúrgica, muito fechada e codificada”, pode ler-se.

A síntese sinodal, tornada pública pela CEP, aponta também para a necessidade de um “diálogo intergeracional e entre movimentos e Paróquias”, numa metodologia sinodal permanente, que dê voz “às minorias e estabeleça um diálogo com as periferias”, denunciadora da pobreza, “apoiando os pobres, valorizando o que é essencial a uma vida digna e dando maior atenção aos recursos do planeta”.

Os participantes apontam a necessidade de “eliminar as barreiras arquitetónicas e outros obstáculos que dificultem o acesso aos espaços de culto” e uma “forma renovada de comunicação”.

“Uma linguagem mais cuidada, aberta e adaptada às realidades, capaz de clarificar os conteúdos da fé, e que faça uso regular da comunicação digital e das redes sociais para uma melhor evangelização, divulgação e proximidade. Uma linguagem que abandone determinados formalismos e dicotomias exclusivas de batizados/não batizados, crentes/não crentes, etc., para que todos se sintam membros da mesma comunidade”

O percurso para a celebração do Sínodo convocado pelo Papa Francisco, está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível mundial.

Tags Economia

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