Para um cristão, a Semana Santa é o momento chave do ano. Nela acompanhamos Jesus na sua Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição e lemos, em espelho, toda a nossa vida. Este período é tão intenso, que algumas tradições chamam-no Semana Maior ou Grande Semana. No entanto, a santidade que a Semana Santa nos chama a viver é: em primeiro lugar, uma santidade que não seja algo abstrato, mas, tal como Jesus, a vida concreta colocada ao serviço de Deus; por outro lado, uma santidade que não seja um « perfeito cumprimento de normas», mas reflexo de uma relação amorosa com Deus, que nos leva a estar disponíveis para O servir; por último, uma santidade que não é tanto o que nós temos de fazer ou conseguir, mas dar espaço ao essencial, que nos torna capazes de contemplar e admirar Jesus.
Domingo de Ramos
# Contexto
O Domingo de Ramos é a porta de entrada da Semana Santa e coloca-nos, desde logo, num clima paradoxal: ao mesmo tempo que recordamos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém – sede do poder legislativo e religioso –, a Liturgia coloca-nos já perante o relato da Paixão de Jesus, deixando antever que, apesar de ter entrado festivamente em Jerusalém, Jesus não é, de facto, acolhido.
Deste modo, Jesus revela-nos uma outra forma de realeza, outro tipo de Reino. A sua entrada em Jerusalém põe a nu a ambiguidade das expectativas messiânicas. O que esperar de um Rei humilde? Por isso, os ramos deste Domingo não são apenas ramos. São rebentos de esperança de um povo que anseia por uma primavera sem fim. São melodias que se insinuam inesperadamente num mundo ruidoso e de ritmos apressados. São símbolos de unidade numa sociedade fragmentada.
# Símbolo
A porta é um lugar de passagem, o que, aliás, coincide com a origem da palavra Páscoa que significa, exatamente, passagem ou travessia. Por outro lado, é o espaço que separa o interior do exterior, um autêntico lugar de fronteira. Numa altura em que nos vemos de algum modo fechados atrás de portas, talvez seja ocasião de olhar as portas que nos rodeiam, e pensar quais preciso de abrir.
# Sugestões
– Colocar a cruz em algum lugar destacado da casa;
– Permitir, no nosso dia, cinco minutos de silêncio;
– Manter a tradição de compor um ramo para marcar este dia;
Quinta-feira
# Contexto
A Quinta-Feira Santa é marcada por sinais de profunda entrega, realizados por Jesus. Todos eles procuram evidenciar que a vida só existe verdadeiramente quando nos damos e nos oferecemos livremente uns aos outros.
“Tomai e comei, Isto é o Meu Corpo”. “Tomai e bebei, Este é o Meu Sangue”. Recordamos, neste dia, o modo pelo qual Jesus, com estas palavras, instituiu a Eucaristia e o Ministério Sacerdotal. A verdade é que Jesus, dando-Se sem exceção, entrega-Se, de maneira distinta a cada um.
No entanto, este é também o dia da memória do Lava-pés. Efetivamente, lavar os pés é aprender a viver a partir dos últimos, é um modo direto de traduzir que o primeiro será, simultaneamente, o último.
É neste ambiente de tensão e de enorme pressão que se dá, também, a traição e a prisão de Jesus no Monte das Oliveiras, a dispersão dos discípulos e a negação de Pedro.
# Símbolo
A mesa é o lugar que reflete a verdade das relações e das circunstâncias. O espelho dos nossos códigos, das alianças e das indiferenças, das distrações e dos afetos desordenados. O espaço onde convivem, ao mesmo tempo, transparência e ocultamento.
# Sugestões
Sexta-feira Santa
# Contexto
A Sexta-feira Santa é o dia da paixão, morte e sepultura de Jesus. Não deve ser vivida num clima de luto, mas de profundo espanto por Aquele que deu a Sua vida por todos nós.
Neste dia, o jejum e a abstinência são parte importante. Contudo, o verdadeiro significado do jejum e da abstinência recai na importância de discernir sobre o essencial, e a aprender a abandonar o que não tem valor nem é duradouro.
Ainda assim, o estar em comunhão com os outros é igualmente importante para celebrar este dia, que é também o dia em que se inicia o grande silêncio; o que dia em que, perante o aparente triunfo do mal, apetece “morder os lábios”.
# Símbolo
A Cruz pode simbolizar muitas coisas, desde as nossas maiores alegrias até às nossas maiores tristezas. Procurar a presença de Deus em cada uma delas pode ser um desafio para a fé e, na verdade, não há nenhuma resposta imediata, somente a fé firme e aberta à esperança de Ele atuará. Desta forma, talvez seja momento de perceber quais as cruzes das nossas vidas e de que forma posso viver com elas.
# Sugestões
– Fazer a sua via sacra pessoal pela casa num clima silencioso;
– Praticar uma boa ação;
– Refletir o que é essencial na nossa vida.
Sábado Santo
#Contexto
Jesus está no sepulcro e, por isso, o “nada” e a ausência marcam o Sábado Santo, dia em que a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, abstendo-se de qualquer celebração, ativando uma atitude de espera e oração por aquela primeira manhã que se anuncia, que habita já nesse tempo suspenso e executante.
Habituados à rapidez e às soluções que não demoram, Jesus no sepulcro educa a nossa sede, a nossa prepotência e arrogância, perguntando se estou verdadeiramente despido e descentrado para receber a alegria da ressurreição.
#Símbolo
Como vasos, frágeis na figura, mas fortes na expressão, esvaziamo-nos, neste dia, para receber a acolher o dom de Jesus, enchendo os pulmões de silêncio e expectativa. Habitualmente, este tempo é dedicado a limpezas para, no dia seguinte, acolher o compasso pascal que, este ano não se poderá realizar de novo, mas, ainda assim, não precisamos menos de abrir espaço para Jesus dentro de nós.
#Sugestões
– Dedicar-se à oração, identificando rebentos de vida;
– Contemplar a vida silenciada pelo mal;
– Observar o mundo com um olhar límpido;
Vigília Pascal
#Contexto
É no espaço entre noite e aurora que a Igreja se reúne para celebrar a grandeza da Ressurreição: o triunfo de Jesus sobre o poder da morte, atualizado através de ritos e Sacramentos. Com a Vigília Pascal celebramos algo de “nosso”, porque a vida cristã que corre nas nossas veias tem origem na Ressurreição de Jesus que é, simultaneamente, a nossa meta: viver como ressuscitados.
“Esta é a noite”, ressoa o Precónio Pascal. “Esta é noite”, em que tudo fica completo, em que tudo ganha sentido, em que é possível ler a nossa vida inteira com outros olhos, porque Jesus ressuscitou. “Esta é a noite”.
#Símbolo
O fogo, memória do caminho no deserto, memória de Cristo, Luz do Mundo, que ilumina a obscuridade, que acende e aquece os nossos corações colocados como sentinelas diante do sepulcro.
#Sugestões
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