As Festas em honra de S. Bartolomeu foram eleitas como uma das “7 Maravilhas da Cultura Popular”. No Alto Minho, corporizam, de 19 a 24 de agosto, a tradição, os usos e os costumes de Ponte da Barca.
Sem saber ao certo a data da sua criação, serão festas contemporâneas da construção da capela de S. Bartolomeu, na segunda metade do século XVII, e têm uma grande expressão face à festa de S. João Baptista, o orago do concelho.
Conta a história que era, primeiramente, uma festa apenas religiosa que decorria junto à capela e se estendia pela carreira de St. António e por toda a rua de S. Bartolomeu e que só mais tarde surgiram a iluminação, a corrida de bicicletas, a atuação das bandas de música, as ornamentações de “pau e corda”, o fogo de artifício, a feira do linho, os cortejos de traje e de gado, a corrida de cavalos, os bailes populares, os cantares ao desafio, os desfile das rusgas e os concertos com artistas nacionais.
Segundo a Câmara Municipal de Ponte da Barca, o “grande cartaz” das Festas de S. Bartolomeu acontece na noite de 23 de agosto com o desfile e atuação das Rusgas pelas ruas, “arrastando multidões e prolongando a folia por toda a noite”. Durante a tarde deste dia, decorre o cortejo etnográfico, em que desfila “o melhor das tradições” do concelho.
Já o dia 24 de agosto é consagrado às festividades religiosas em honra de S. Bartolomeu, em que a “grandiosa e solene” procissão ocupa o principal destaque, com a participação de todas as paróquias e associações, tendo-se tornado, com o decorrer do tempo, uma das mais altas expressões da fé e da devoção das gentes de Ponte da Barca.
A romaria, que é também uma “altura de reencontro de famílias e amigos”, encerra com o fogo-de-artifício.
Pedro Bragança é presidente da Associação Concelhia das Festas de S. Bartolomeu há dois anos e respondeu às questões do Notícias de Viana sobre a romaria que foi eleita uma das 7 Maravilhas da Cultura Popular.
O que destaca na Romaria de S. Bartolomeu?
As Festas de S. Bartolomeu têm a duração de seis dias. São umas festas muito tradicionais. A tradição ainda é o que era em Ponte da Barca, tornando-se umas festas muito genuínas e espontâneas. Temos várias iniciativas ao longo da semana, mas destaco, no primeiro dia, a Feira de Artesanato, o Festival de Folclore com os ranchos do concelho, e a inauguração do recinto das tasquinhas tradicionais. Ao longo da semana, temos um conjunto de concursos, nomeadamente, a Feira do Gado, a Corrida de Cavalos, e os Concursos de Melões Casca de Carvalho e do Linho. Além disso, há também momentos dedicados às crianças. No dia 21, temos um concerto com um artista nacional e, no programa, está ainda incluído o Cortejo Etnográfico que junta todas as freguesias de Ponte da Barca, os Cantares ao Desafio, que são uma referência na região do Minho, as rusgas e o vira dançado. O último dia é dedicado ao culto a S. Bartolomeu, em que decorre uma grande procissão e a missa que junta todas as paróquias: é um dos momentos altos desta romaria, que chama milhares de pessoas a Ponte da Barca.
Como é que viveram a Romaria este ano?
Este ano, Ponte da Barca viveu a romaria, maioritariamente, através das redes sociais, levando as pessoas a recordar as festas dos anos anteriores. Com o lema “Palavra de Memória”, disponibilizámos um site com a história da romaria, com testemunhos das pessoas e vídeos e fotografias. Ainda não está terminado, mas será atualizado ao longo dos anos. Decidimos ainda colocar uns cubos gigantes iluminados com as várias iniciativas da romaria, em vários pontos estratégicos, criando um roteiro e “obrigando” as pessoas a circular pela vila.
O cartaz retratou a realidade vivida este ano, através de uma mulher de costas a pendurar lenços porque não iriam ser utilizados nas festas, devido à pandemia da covid-19. Desta forma, pedimos à população que decorasse as suas janelas e varandas com as colchas, mas que fosse mais intensa a fazê-lo, no sentido de relembrar e fazer sentir a Romaria de S. Bartolomeu. Ou seja, quem passava na rua podia também sentir a romaria.
Este ano, senti que as pessoas se aproximaram mais do culto. Desde há muitos anos, as pessoas valorizam S. Bartolomeu e são muitos aqueles que se juntam na capela; mas este ano foi diferente e especial.
O que significa ser uma das 7 Maravilhas da Cultura Popular?
É uma alegria imensa. As pessoas de Ponte da Barca vivem muito a Romaria de S. Bartolomeu. É o grande elemento do conceito e junta todas as gerações, desde os mais novos aos mais velhos. É uma romaria que envolve toda a gente. Aliás, dizemos que é uma romaria feita por todos e para todos. As pessoas são os que participam, mas também são aqueles que vão ver e, por isso, foi um misto de emoções ser eleita uma das 7 Maravilhas da Cultura Popular. Agora, somos “oficialmente” reconhecidos. A romaria era, para nós, das mais genuínas do Alto Minho e isto é o culminar de toda a paixão e vivência. Foi e vai ser um momento que, ao longo da nossa vida, será sempre relembrado com muito orgulho.
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