As multiseculares representações do nascimento de Jesus Cristo aparecem-nos, por estes dias, um pouco por toda a parte: nas ruas e praças, em algumas instituições e em muitas famílias. Felizmente!
De um ou de outro modo, a sociedade assumiu (ainda que hoje, no nosso mundo ocidental, tende a esquecer-se) que este acontecimento marcou definitivamente a História da Humanidade.
Não estranha, por isso, que as suas representações tenham tido e continuem a ter um notório impacto no mundo da cultura e das artes. Na maioria dos casos, são representações efémeras que não vivem para além da quadra natalícia. Muitas outras, contudo, em variados suportes, permanecem vivas, de geração em geração, nos museus, nas igrejas ou nas casas particulares. Umas vezes, refletem as intuições da religiosidade popular; outras, põem a descoberto as variadas tendências que, ao longo dos séculos, vão marcando o mundo das artes.
Se não houvesse outras razões (que as há!), o conhecimento desse pequeno grande mundo do presépio é imprescindível para a sua leitura. Caso contrário, o presépio não passaria de uma, mais ou menos extensa, coleção de bonecos, saída de uma qualquer mente estranha. Seria (pode ser!) uma amálgama estranha: musgos e árvores; rios e caminhos; pastores e anjos; casas e moinhos; um estábulo numa cova; ovelhas e outros animais; umas personagens com pinta de reis; bandas de música; luzes; uma vaca e um burro; uma Senhora e um Homem à volta de um Menino simpático. Ah! e uma estrela.
Estes elementos resultam uns de informação com suporte histórico; outros, de interpretações que entraram nas tradições; outros são apenas curiosidades da imaginação popular ou artística.
O desconhecimento liminar do suporte da representação daria, inevitavelmente, lugar a perguntas como a daquela aluno de História da Arte que, diante de uma famosa tela da Anunciação, perguntou: Professor, que significa aquele Ser alado junto àquela Mulher?
Para os crentes em Jesus Cristo, um presépio é motivo de fruição artística, estímulo para a fé e ocasião de encontro com Deus. É que aquele Menino é Deus que, por amor à Humanidade, Se fez um de nós: verdadeiramente Homem; verdadeiramente Deus. E está ali: pobre e indefeso; aquecido pelo amor de Maria e José e pelo bafo dos animais; identificado pelos Anjos e por alguns seres humanos; em plena natureza, que Ele próprio criou.
“Hoje não sei mais que o silêncio!… / Falem os olhos quietos, / incrédulos de tanto amor: / a força do Senhor / fez-se criança…” (João Aguiar Campos, Anseios, p.17).
Santo e feliz Natal!
Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.
Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.